A entrevista que dividiu o mundo: os pró-Ronaldo e os anti-Ronaldo, nunca um meio termo
Ausências, polémicas, insultos, uma entrevista a rasgar o clube e o treinador e até uma recusa em entrar em campo, num ‘explosivo’ cocktail de indisciplina, aliado a um fraco desempenho desportivo, são a radiografia da penosa primeira parte da época futebolística 2022/23 de Cristiano Ronaldo, um caso que fez o mundo girar em torno dele.
Se o capitão da seleção não está apostado em destruir a sua imagem - não a carreira, salvaguardada por centenas de tardes de glória, e dezenas de recordes, prémios e troféus -, parecia, pois a entrevista que concedeu a Piers Morgan, no meio de um silêncio ensurdecedor, dividiu o mundo, e não foi só o do futebol.
A verdade é que, em termos de produção futebolística, a sua verdadeira missão, para a qual é pago a peso de ouro, o rendimento ficou muito aquém do esperado, com os três golos e outros tantas assistências, em 18 jogos, a configurarem-se como uma gota de água num revolto oceano.
O jogador mais internacional da história do futebol português (191 jogos) e melhor marcador mundial de seleções (117 golos), o capitão luso, de 37 anos, já não é o melhor do Mundo, que cinco ‘Bolas de Ouro’ dizem que já foi, mas não se terá ‘apercebido’ dessa realidade - a sua ‘entourage’ não o permite - e isso estará, tudo indica, a influenciar a sua produção.
Os problemas de Ronaldo começaram, aliás, antes mesmo na pré-época, já que, enquanto os seus companheiros de equipa já trabalhavam, o português ficou em casa, alegadamente por ter a filha recém-nascida doente, isto enquanto na imprensa se noticiava, constantemente, que o português estaria à procura de um clube ‘Champions’ e ia levando ‘negas’ de todo o lado.
Em outubro, em jogo com o Tottenham (2-0), CR7 voltou ao banco, para, na parte final, se recusar a entrar, rumando aos balneários com o jogo a decorrer. Depois de, anteriormente, já ter abandonado o estádio antes do final de encontro, desta vez foi mesmo suspenso pelo clube, e afastado do embate seguinte, na visita ao Chelsea (1-1).
Com a continuidade no ‘onze’, parecia poder encarrilar, mas, no recinto do Aston Villa (1-3), na ronda seguinte, só se destacou, por uma cena de ‘pugilato’ com Mings, e, depois, disso, ficou, oficialmente, doente, e falhou os dois últimos jogos do United.
Seguiu-se a entrevista, a arrasar o United, o clube, e as suas condições de trabalho, o treinador, que não o respeita, e os que, diz, não o querem lá. Atirou a bomba e partiu para a seleção nacional, não sem antes ser afastado pelo Manchester United e com críticas para os dois lados. Aliás, o mundo dividiu-se entre os pró-Ronaldo e os anti-Ronaldo, nunca um meio termo.
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