Em dezembro de 2015, Steve Parish, presidente do Crystal Palace, ousou sonhar alto: “Nos próximos 10 ou 15 anos poderíamos ganhar a Premier League”, disse então, pouco antes da entrada de capital norte-americano no clube. Uma década depois, o título inglês ainda não chegou a Selhurst Park, mas os londrinos vivem um momento sem paralelo. Não conquistaram a Premier — ainda — mas transformaram-se na equipa da moda no futebol europeu.

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Os números falam por si. O Palace soma 19 jogos consecutivos sem perder, mais do que qualquer outro clube das grandes ligas — à frente do Bayern, que não passa das nove partidas. Pelo caminho, eliminaram gigantes: bateram o Liverpool (2-1), golearam o Aston Villa (3-0), venceram o Tottenham (2-0) e empataram em terrenos de risco como Stamford Bridge e o Emirates. O auge da caminhada foi a histórica vitória sobre o Manchester City (1-0), que lhes valeu a primeira FA Cup em 119 anos de história, seguida da Community Shield conquistada frente ao Liverpool.

Na Premier League, a equipa vai embalada. É terceira classificada, com 12 pontos, apenas atrás de Arsenal e Liverpool, e continua invicta. Tem ainda a defesa menos batida (três golos sofridos) e soma já 12 jornadas sem perder no campeonato, um recorde absoluto na elite inglesa para o clube.

Mesmo na estreia europeia, despromovido à Conference League pela UEFA devido aos conflitos de propriedade ligados a John Textor, o Palace respondeu com vitória por 2-0 sobre o Dínamo Kiev, com duas assistências de Yeremy Pino.

A reconstrução não foi fácil. Nomes como Zaha, Olise, Eze, Gallagher e Andersen saíram ao longo das últimas épocas, mas o clube soube reinventar-se em torno de um núcleo sólido: Guéhi, patrão da defesa, o guarda-redes Henderson, o lateral Daniel Muñoz, o jovem médio Wharton e os golos de Jean “Pelé” Mateta.

No centro de tudo está Oliver Glasner. O austríaco, campeão da Liga Europa em 2022 pelo Eintracht Frankfurt, aterrou em Londres em fevereiro de 2024 para substituir Roy Hodgson, quando o Palace era 15.º na Premier. Terminou a época no 10.º lugar, 23 pontos acima da linha de água. Hoje, é venerado pelos adeptos e até chegou a ser sondado pelo Bayern, que esbarrou na exigência de 100 milhões de euros pedida por Steve Parish. “Ele fez-nos acreditar a todos”, resume o presidente.

Glasner devolveu competitividade, identidade e espírito de grupo a um clube que parecia condenado à mediania. E deixa uma receita simples para o sucesso: “Não é difícil treinar esta equipa. Eles querem ter êxito, são ambiciosos. Assim, é fácil manter o foco elevado.”