O advogado Marco Polo del Nero assumiu hoje a presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para um mandato de quatro anos, com polémicas abertas em diversas frentes e o desafio de recuperar o prestígio da seleção `canarinha´.
Del Nero, de 74 anos, dirigiu a Federacão Paulista de Futebol (FPF) desde 2003 e integrou também os comités executivos da FIFA e do Conmebol (Confederação sul-americana de futebol).
O novo presidente da CBF foi eleito para suceder a José Maria Marín numa assembleia-geral realizada há um ano, antes do Mundial2014, tendo trabalhado a par do presidente cessante, incluindo na contratação de Dunga para o cargo de selecionador.
Os desafios mais importantes de del Nero são recolocar a seleção brasileira na senda dos êxitos e enfrentar os problemas que afetam numerosos clubes, que acumulam dívidas para com o Estado e se debatem com recorrentes dificuldades para pagar salários a jogadores.
Antes de assumir o cargo, del Nero anunciou que a CBF irá enfrentar o Governo para tentar alterar um decreto da presidente brasileira Dilma Roussef, que introduz uma série de normas para modernizar a gestão do futebol.
O referido decreto permite aos clubes renegociarem as suas dívidas milionários com o Fisco e a Segurança Social, mas estabelece como contrapartida que estes adotem as boas práticas administrativas e financeiras, algumas das quais desagradam à CBF.
Os clubes que queiram beneficiar das vantagens para pagar as suas dívidas terão de divulgar os seus balanços financeiros, limitar os mandatos dos seus dirigentes, terem os salários em dia e investirem uma percentagem do seu orçamento no futebol feminino.
Del Nero viu-se envolvido noutra polémica por ter feito um negócio imobiliário com um sócio comercial da CBF, de acordo com uma reportagem divulgada hoje pelo jornal Folha de São Paulo.
Segundo este diário, o novo presidente da CBF comprou recentemente um último piso de um edifício por 5,2 milhões de reais (1,8 milhões de euros) ao empresário Wagner Abrahão, proprietário da empresa que organiza viagens da seleção brasileira e das equipas das segunda e terceira divisões.
O último piso do edifício situa-se numa urbanização de luxo do Rio de Janeiro, onde del Nero tinha comprado há um ano um outro piso semelhante por um valor muito inferior, 1,6 milhões de reais (cerca de 600 mil euros), segundo denuncia a Folha de São Paulo.
Tanto del Nero como Abrahão negaram, em declarações àquele diário, a existência de qualquer conflito ético no negócio em causa devido às suas relações profissionais.
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