Nasceu em Três Corações, no estado brasileiro de Minas Gerais, em 23 de outubro de 1940 e foi batizado como Edson Arantes do Nascimento, mas, para a ‘lenda’, será sempre Pelé, o ‘rei’ do futebol.
Os três títulos mundiais, feito impar na história, e os mais de 1.000 golos marcados, muitos em jogos hoje não considerados oficiais, fazem com que seja considerado ainda por muitos, e por todos os brasileiros, como “o melhor de todos os tempos’.
Os argentinos não concordarão, pois, entretanto, chegou Diego Armando Maradona, vulgo ‘D10s’, e, na atualidade, há Lionel Messi, mas para os brasileiros, únicos pentacampeões mundiais, só há um ‘rei’ e esse é Pelé.
Alguns, outros, já reclamaram, sem pudor, a sua ‘coroa’, mas nunca ninguém se atreveu a retirar-lhe o cognome de ‘rei’, que pressupõe grandeza, algo que nunca lhe faltou em toda a carreira, tal como golos, que foi colecionando, desde cedo, a um ritmo frenético, para construir uma carreira inigualável.
“Igual a Pelé não há, nem nunca vai haver. A minha mãe fez-me e fechou a fábrica”, disse um dia Pelé, de si próprio, ele que nunca permitiu que lhe arranjassem sucessor: “Nasci para jogar futebol como Beethoven para a música”.
Pelo Santos, o clube da sua vida, o Brasil, que lhe deu a projeção universal, e, já em fim de festa, o Cosmos de Nova Iorque, o único clube em que jogou fora do Brasil, nunca deixou que os golos faltassem e que a lenda de extinguisse.
Só nas contas do ‘Peixe’, são 1.282 golos, em 1.366 jogos, de 07 de setembro de 1956 até ao jogo de despedida, em 31 de outubro de 1990, já 13 anos após o final da sua carreira, em 1977, o último ano em que representou o clube norte-americano.
No que respeita a encontros oficiais, os números são menos exuberantes, mas a verdade é foram também os conseguidos em muitos jogos de exibição, por todo o mundo, que ajudaram a construir a lenda, de um jogador único.
Talento precoce, Pelé começou a mostrar toda a sua habilidade desde ‘moleque’ e, com 15 anos, foi indicado ao Santos, onde desde logo encantou toda a gente, celebrando de imediato um contrato profissional com o clube de Vila Belmiro.
Estreou-se em 07 de setembro de 1956, face ao Corinthians, de Santo André, ainda com 15 anos, e o seu impacto foi imediato, marcando um dos golos numa goleada por 7-1.
No ano seguinte, com apenas 16 anos, já era titular do Santos e, 10 meses depois de se tornar profissional, estreou-se pela seleção principal do Brasil, em 07 de julho de 1957, sem conseguir marcar, num desaire com a Argentina.
Pelé mostrou, porém, capacidade para representar o Brasil ao mais alto nível e, um ano volvido e muitos golos ao serviço do Santos, foi sem grande surpresa que foi escolhido para representar os ‘canarinhos’ no Mundial de 1958.
Foi a primeira aparição internacional de Pelé, a primeira vez que se mostrou ao mundo, e logo espantou, conduzindo os ‘canarinhos’ ao seu primeiro título mundial, oito anos após o traumatizante ‘Maracanazo’ – derrota por 2-1 com o Uruguai que custou o título Mundial em 1950, em pleno Maracanã.
Na Suécia, o ‘miúdo’ passou algo despercebido na fase de grupos, mas ‘explodiu’ nos jogos a eliminar, com um golo ao País de Gales (1-0), nos quartos de final, um ‘hat-trick’ à França (5-2), nas meias-finais, e um ‘bis’ com a Suécia (5-2), na final.
A forma como marcou o seu primeiro golo na final, ao dominar no peito um passe da esquerda, fazer passar a bola por cima de um defesa sueco e atirar de primeira de pé direito correu mundo e é um dos grandes momentos da história dos Mundiais.
Feita a sua ‘apresentação’, Pelé continuou a encantar, sobretudo os seus compatriotas, numa ‘era’ bem diferente da atual, sem jogos transmitidos a todos a hora e em que era possível a um clube como o Santos segurar um jogador desta qualidade.
Para o Mundo ver, só de quatro em quatro anos, sendo que as lesões não o deixaram ‘brilhar’ em 1962 e 1966, sendo que no Chile ainda ajudou com um golo o Brasil a revalidar o cetro, para, em Inglaterra, cair na fase de grupos perante Portugal, e Eusébio.
“Entre dezenas de reis, foi o melhor de todos”, disse à Lusa António Simões, numa entrevista a propósito dos 50 anos do dia em que Pelé chegou ao ‘tri’, explicando que Pelé esteve “sempre ligado àquilo que não tem defeito no futebol, que é o golo”.
Em 1970, conseguiu, porém, chegar a 100% tem termos físicos ao seu quarto Mundial e, como único sobrevivente de 1958, com a hipótese de se tornar o primeiro tricampeão mundial. Não desperdiçou a ocasião, num feito ainda por igualar.
Com 29 anos, Pelé chegou ao ‘tri’ e não como figurante, já que foi o segundo melhor marcador do ‘escrete’ com quatro golos, incluindo o primeiro da final, na qual um Brasil de imensa qualidade superou sem dificuldades a Itália por 4-1.
Entre os Mundiais e depois, nunca parou de marcar golos, até 1974 ao serviço do Santos, e a partir de 1975 nos Estados Unidos, ao serviço do Cosmos de Nova Iorque, engrandecendo, jogo após jogos, a sua lenda com golo atrás de golo.
Por tudo isso, foi eleito pela FIFA como o “jogador do século”, em 2000, ainda que tenha sido batido por Maradona na votação online.
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