O julgamento do ex-guarda-redes do Flamengo Bruno Fernandes e de outros quatro réus acusados do sequestro, desaparecimento e morte de Eliza Samudio, ex-amante do futebolista, começou hoje.
O júri popular ocorre no Fórum Doutor Pedro Aleixo, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais. A previsão é de que o julgamento se estenda por pelo menos 10 dias, segundo o Tribunal de Justiça do estado.
Após quase três horas de julgamento, o corpo de jurados ainda não estava definido. A demora ocorreu por conta de queixas de advogados sobre a estrutura do local e de desistências de jurados.
A principal polémica envolvida no caso é o desaparecimento do corpo da vítima. Enquanto a promotoria afirma que Samudio foi assassinada brutalmente, a defesa do ex-guarda-redes alega que ela estará viva, possivelmente num país do leste europeu.
Samudio desapareceu em junho de 2010, quanto tinha 25 anos, após sair do Rio de Janeiro e ir para Esmeraldas, em Minas Gerais, onde Bruno Fernandes possuía uma quinta. Ela levava nos braços um bebé de quatro meses que dizia ser filho do guarda-redes e capitão do Flamengo.
Um primo do futebolista, então com 17 anos, entregou-se à polícia na época, afirmando que havia participado do sequestro de Samudio ao lado de um amigo de Bruno Fernandes, Luiz Henrique Romão, o "Macarrão".
De acordo com o adolescente, a vítima foi levada para a casa de um ex-polícia militar, Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como "Bola", e ela foi morta por estrangulamento e esquartejada. As partes do corpo, segundo ele, foram comidas por cães.
Enquanto isso, o bebé ficara na quinta com a mulher de Fernandes, Dayanne Souza. Dias após dar esse depoimento, entretanto, o adolescente desmentiu-o, afirmando que falou sob pressão.
A Justiça pediu prisão preventiva do ex-guarda-redes, dos outros três supostos envolvidos citados pelo adolescente, de outra amante de Fernandes, Fernanda Castro, de um primo do ex-futebolista (Sérgio Rosa Sales), de dois amigos (Flávio Caetano de Araújo e Wemerson Marques de Souza) e de um funcionário da quinta, Elenilson Vítor da Silva.
Fernandes, "Bola" e "Macarrão" respondem por homicídio, rapto e cárcere privado, além de ocultação de cadáver e corrupção de menores, com penas que podem ultrapassar os 30 anos de prisão.
Também são julgadas a partir de hoje Fernanda Castro e Dayanne Souza, acusadas de participação no sequestro de Samudio e do bebé. Um exame de DNA provou que ele é mesmo filho de Bruno Fernandes e, hoje com dois anos, vive com a avó materna.
Entre os suspeitos, o adolescente cumpriu pena socioeducativa e hoje está em liberdade, incluído no programa de proteção à testemunha. Sérgio Rosa Sales foi assassinado num crime passional, segundo a polícia, e Flávio Araújo não foi denunciado, por falta de provas.
Os outros dois acusados, Wemerson de Souza e Elenilson da Silva, serão julgados em data ainda não definida.
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