A chamada de Rúben Semedo foi a principal novidade na lista de convocados de Fernando Santos para os jogos com Luxemburgo e Ucrânia, referentes à fase de qualificação para o Euro 2020. O jogador do Olympiacos, que foi detido no início de 2018, acabou por conseguir regressar ao futebol de alto nível e pode agora estrear-se com a camisola da Seleção.

"Vir à Seleção era um sonho de sempre, e hoje, depois daquele mau bocado por que passei, acredito que desfruto ainda mais deste momento. Estou a cumprir um sonho e não tenho palavras para expressar a felicidade que estou a sentir", afirmou o jogador ao jornal Record.

"Um dia antes da convocatória não consegui dormir. Tinha esperança, mas estava muito ansioso", confidenciou Rúben Semedo.

O defesa central revelou ainda como tem sido treinar ao lado de Cristiano Ronaldo: "É uma dádiva que esteja ali, ao nosso lado, a treinar ou a jogar. Numa das conversas que tive agora com ele, confidenciou-me que não esperava que eu desse a volta por cima tão depressa. E eu concordei com ele, pois aconteceu tudo muito rápido."

O defesa central, de 25 anos, viveu momentos conturbados em Espanha, onde chegou a estar preso. Com o regresso a Portugal, revela, acabou por encontrar "tranquilidade".

"Em Espanha, quando saía à rua em Huesca ou em Saragoça, quando ia ao centro comercial, já tinha o rótulo de delinquente, e isso, mesmo irrelevante para mim, influía no meu estado de espírito. Ia para casa e não me saía da cabeça o que ouvia, o que, mesmo inconscientemente, tinha influência no meu rendimento como profissional. Foi essa tranquilidade que encontrei em Portugal, onde me senti, como sempre imaginei, em casa. Os comentários foram sempre amigáveis, que estava de volta e que acreditavam em mim. E foi isso que fez com que desse o melhor de mim em campo", explicou.

A terminar, Rúben Semedo deixou elogios a Jorge Jesus. "Sem dúvida, é um dos melhores treinadores do Mundo, que me transmitiu conceitos e valores que desconhecia, no futebol e na vida", referiu o jogador, que, ainda assim, admite ter sofrido bastante quando o técnico, então no Sporting, decidiu emprestá-lo ao Vitória de Setúbal.

"É uma história engraçada. O mister queria que eu saísse, para me manter em atividade e crescer como jogador. Mas custou-me imenso sair do Sporting. Não queria, preferia ter ficado, e antes de aceitar a proposta fui à casa de banho e desatei a chorar", lembrou.