Os técnicos da seleção A de Portugal acompanharam mais de 400 jogos de futebol desde setembro de 2010, revelou hoje um dos adjuntos de Paulo Bento.
«Desde setembro de 2010, observámos ao vivo mais de 100 jogos e 300 e tal pela televisão», disse à Agência Lusa João Aroso, que participou no seminário luso-angolano que o Recreativo de Caála, de Angola, está a organizar em Valado dos Frades, na Nazaré, onde cumpre um período de estágio.
Convidado a falar sobre "Particularidades da metodologia de trabalho da Seleção AA", o adjunto de Paulo Bento partilhou o esforço que a equipa técnica nacional faz para se manter a par das especificidades do trabalho nos clubes de um dos potenciais selecionáveis.
«Numa seleção há pouco tempo para treinar, o que, quando se quer criar uma identidade tática ou um espírito de envolvimento do grupo, se torna mais difícil», disse, sublinhando as formas que a seleção utiliza para potenciar cada estágio.
Segundo João Aroso, Portugal opta por «ter um grupo o mais estável possível, sem obviamente estar fechado», apostando assim numa assimilação mais rápida da identidade pretendida pelo selecionador.
Depois, há um trabalho de profundo acompanhamento de todos os atletas com possibilidades de chegar à seleção principal:
«Vemos, entre a nossa equipa técnica, praticamente todos os jogos sem excepção desses jogadores», explicou, acrescentando que esse trabalho é feito preferencialmente ao vivo, mas também pela televisão. Cada elemento da equipa de Paulo Bento chega a ver sete e oito jogos por semana:
«Temos o serviço de uma empresa que nos permite aceder aos jogos que não dão [nas televisões nacionais]. Isso permite ver jogos do PAOK, do Wolfsburgo ou do Génova, clubes menos mediáticos e difíceis de apanhar nas televisões», sublinhou.
Esse exercício significou um total de mais de 400 análises a jogos em que estiveram envolvidas equipas onde alinham internacionais, ou potenciais internacionais, por Portugal.
Os técnicos nacionais seguem regularmente uma base com mais de 50 jogadores, analisando questões tácticas, como o desempenho ofensivo, defensivo, transições ou posições no terreno.
Nem o Real Madrid ou Manchester United, onde alinham por exemplo os crónicos seleccionáveis Cristiano Ronaldo e Nani, escapam a estas observações:
«Interessa observar o Real Madrid ou o Manchester United, porque o conhecimento profundo da forma de jogar das equipas onde os nossos jogadores se encontram vai permitir perceber qual o papel táctico dos jogadores nessas equipas», justificou.
Dessa forma, explica João Aroso, a seleção nacional pode adotar soluções utilizadas nos clubes:
«Sabemos onde normalmente o Cristiano Ronaldo ataca a bola nos lances de bola parada no Real Madrid. Se ele faz isso ao longo do tempo nos treinos e nos jogos, é importante termos esse dado. Pode ser um fator importante, para aproveitarmos a rotina que o jogador já tem».
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