Paulo Bento vai enfrentar no Euro2012 a primeira grande competição como selecionador português de futebol, depois de ter resgatado um apuramento que os seus antecessores quase comprometeram.
Com a situação contratual resolvida antes da fase final (renovou até 2014), como tinha exigido após qualificar Portugal, o mais jovem técnico presente na Polónia e Ucrânia tem nova “prova de fogo”, personificada na Alemanha, Holanda e Dinamarca, os três adversários na fase de grupos.
A “tranquilidade” que muitas vezes apregoou enquanto treinador do Sporting tem-na mantido desde que, em setembro de 2010, assumiu a seleção lusa, apoiado nas garantias de fiabilidade, qualidade e organização do seu núcleo duro, que tem no “astro” Cristiano Ronaldo a principal referência.
Nas suas escolhas habituais têm estado também jogadores como Carlos Martins (falha o Euro2012 por lesão, depois de ter sido um dos 23 eleitos), Varela ou Miguel Veloso, com os quais manteve conflitos no passado, mostrando, nos atos, estar a cumprir a promessa de colocar os interesses de Portugal em primeiro lugar.
Ainda assim, não deixou de afastar dois jogadores que poderiam ser titulares, os defesas Ricardo Carvalho e Bosingwa, ambos por questões disciplinares: não perdoou o central, depois de este “desertar” de um estágio e de o apelidar de “mercenário”, e acusou o lateral de ter simulado uma lesão para não participar num jogo.
No que respeita ao seu trajeto no campo, Paulo Bento partiu com um ponto em dois jogos, mas não demorou a inverter a situação, ao conquistar cinco triunfos consecutivos, que permitiram a Portugal entrar no último jogo dependente apenas de si próprio.
Bastava o empate na Dinamarca, mas a formação das “quinas”, no seu pior jogo na “era Paulo Bento”, perdeu por 2-1, sendo obrigado a disputar um “play-off”, com o sorteio a ditar, como na corrida ao Mundial2010, um confronto com a Bósnia-Herzegovina, novamente ultrapassada (0-0 fora e 6-2 em casa).
O desaire em Copenhaga é, assim, o único oficial do técnico na seleção lusa, que, sob o seu comando, apenas perdeu mais um jogo, um particular com a Argentina, de Lionel Messi, por 2-1, isto depois de já ter goleada por 4-0 a Espanha, detentora dos títulos europeu e mundial.
Sucedendo a Carlos Queiroz, que saiu a mal da FPF, Paulo Bento assumiu a equipa das “quinas” a 21 de setembro de 2010, depois de um percurso como técnico principal que contava apenas com passagens pelos juniores e seniores do Sporting.
Ao serviço dos “leões”, o técnico venceu por duas vezes a Taça de Portugal, conquistou duas Supertaças Cândido de Oliveira e por quatro vezes terminou a Liga em segundo, sempre atrás do FC Porto.
A carreira de treinador era previsível, segundo grande parte dos seus antigos companheiros, e certificada com 17 valores no curso de treinadores UEFA Pro – nível 4 de 2007, no qual apenas foi superado por Leonel Pontes (17,5), com quem forma equipa técnica, juntamente com João Aroso e Ricardo Peres.
O primeiro desafio como treinador chegou em 2004/2005, na equipa de juniores do Sporting, que levou ao título, conduzindo jogadores como João Moutinho, Nani ou Miguel Veloso, todos convocados agora para o Euro2012.
Então, a assunção do desafio ditou o final da sua carreira futebolística, anunciado numa conferência de imprensa em que Paulo Bento não conseguiu esconder a sua emoção.
No «momento mais difícil da carreira», como afirmou a 09 de julho de 2004, Paulo Bento recordou o seu percurso, com passagens por Palmense, Futebol Benfica, Estrela da Amadora, Vitória de Guimarães, Benfica, Oviedo e Sporting.
O médio defensivo vestiu a camisola da seleção principal em 35 ocasiões, tendo participado no Euro2000, quando Portugal superou um “grupo da morte”, semelhante ao de 2012, e no inglório Mundial2002, que terminou na primeira fase.
Como jogador, venceu a Taça de Portugal por Estrela da Amadora Benfica e Sporting, clube pelo qual se sagraria campeão nacional pela única vez.
Menos “coroada”, mas muito gratificante, foi a passagem pelo Oviedo, clube em que viveu «quatro anos maravilhosos».
A 20 de junho, Paulo Bento completa 43 anos, que quer celebrar ainda na Polónia ou Ucrânia – seria sinal que teria conduzido Portugal aos quartos de final.
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