Quando Portugal começar a discutir com a Polónia uma vaga nas meias-finais do Euro2016 de futebol, uma vela vai estar a arder em Penafiel, na casa dos familiares maternos do internacional luso José Fonte.
O pedido de proteção divina fica por conta da avó, Cecília Rocha, que promete ainda rezar pelo sucesso da seleção e de todos os jogadores, como sempre acontece.
"Acendo uma vela no dia do jogo para que Portugal ganhe, por todos os jogadores e ainda para que o meu neto faça um bom jog”", disse à Agência Lusa Cecília Rocha, uma matriarca orgulhosa do percurso dos netos, José e Rui Fonte, este último atualmente no Benfica e ambos filhos do antigo futebolista Artur Fonte.
Diana Rocha, a mãe e adepta confessa de futebol e de Portugal, reconheceu que, "agora, com ele presente, os nervos aumentam exponencialmente" e que a presença do filho na seleção equivale à "força de um vulcão".
Confessou ainda que "no estádio há unhas e consegue-se extravasar mais do que em casa", local em que voltará a ver Portugal no Euro2016 e com um ritual próprio.
"Fico, normalmente, sozinha. Tranco-me na cozinha, coloco o som baixo para a minha mãe não ouvir, embora ela vá espreitando o resultado, e fumo. Muito. Se correr bem, até posso sair, depois, de casa, mas é um hábito que tenho", acrescentou.
Em casa, preserva a sua intimidade de mãe e, consequentemente, poupa-se a eventuais críticas sobre o filho, com que aprendeu a lidar, mas na certeza de ser capaz de responder. Na formação do agora jogador do Southampton, de Inglaterra, chegou mesmo a envolver-se em confrontos físicos com homens, por insultos ao filho.
“Apesar de ele ser muito tímido, sinto e sei que o meu filho está muito feliz e que o orgulho dele por estar na seleção deve passar a sua altura (1,87 metros)”, garantiu a mãe, ao lado dos tios, Cecília e José Rocha, e da avó, que destacou a sua "capacidade de nunca se deixar abater".
Devido a essa timidez, as conversas no dia do jogo são quase sempre substituídas por mensagens da mãe, já desafiada por um grupo de amigos para ir à final, caso Portugal lá chegue, apoiar a seleção e o filho, nascido em Penafiel, mas desde cedo longe da cidade a que regressa esporadicamente, por um ou dois dias.
Ainda assim, nas redes sociais, especialmente nas que respeitam diretamente a Penafiel, multiplicam-se os incentivos e apoios à seleção e ao filho da terra.
“A minha ideia, enquanto pessoa que sempre gostou de futebol e não é lerda a ver, é a de que o Miguel (a família materna tem o hábito de tratar José e Rui Fonte pelo segundo nome) pode ser titular com a Polónia e, eventualmente, na meia-final. A correr tudo bem a Portugal, acho que, em caso de final, não terá estatuto para jogar", adiantou a mãe.
Diana, que integrou a primeira equipa feminina de futebol em Penafiel, está mais segura em relação à vontade do filho, casado com uma inglesa, de continuar na ‘Premier League’ e de aí vencer títulos, se possível ao lado do irmão. E, assegura, com a mesma convicção com que defende que “é em Inglaterra que deve terminar (a carreira)”, o “excelente ambiente na seleção”.
“Há um espírito de entreajuda grande e eles estão todos muito confiantes (em vencer o Europeu). O que percebi é que as críticas na primeira fase espicaçaram-nos um pouco, embora tenham consciência de que tudo fizeram para ganhar, mas as coisas não aconteceram", concluiu.
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