Uma segunda parte de luxo permitiu a Portugal golear a Polónia por 5-1 esta noite, na 5.ª jornada do Grupo A1 da Liga das Nações, após um primeiro tempo muito aquém do esperado. O resultado, além de garantir a passagem aos quartos de final da prova, deu o primeiro lugar a Portugal, já que a Croácia perdeu na Escócia.

Dos cinco golos marcados nos segundos 45 minutos, destaque para o pontapé de bicicleta de Ronaldo que deu o 5-0 (bisou no jogo) e para os golaços de Rafael Leão, Bruno Fernandes e Pedro Neto.

Na segunda-feira, Portugal defronta a Croácia, para cumprir calendário.

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A passos é mais difícil chegar aos 'quartos'

Era na defesa onde residia a maior das preocupações. A lesão de Rúben Dias deixou o sector órfão de um líder, obrigando Roberto Martínez a escolher uma dupla inédita: Renato Veiga e António Silva, este último suplente de Tomás Araújo no Benfica. O titular nos encarnados estava no banco. No meio-campo, surpreendente a opção por João Neves em detrimento de Vitinha.

Um ponto era suficiente, é certo, para garantir o primeiro objetivo - o apuramento - mas entrada sonolenta da Seleção no Dragão não era de quem queria já os 'quartos'. Tudo previsível, tudo lento, sem intensidade, sem garra. A atacar e a defender.

A jogar em casa, Diogo Costa foi chamado ao serviço aos 12 minutos, para defender um remate de Bereszynski, a passe de Kiwior. Aos 17, é Renato Veiga quem tem de impor o físico para evitar que Piatek ficasse isolado. Aos 20, Diogo Costa novamente chamado ao trabalho, para defender um remate de Zalewski à entrada da área.

Em termos de perigo, era a Polónia quem mais vontade mostrava em vencer o jogo. Nuno Mendes teve de intervir para cortar de cabeça, para canto, um remate de Bereszynski, já com Diogo Costa fora da jogada. A bola foi metida nas costas do lateral por Zalewski.

Ofensivamente, a produção de Portugal na fria noite do Dragão resumia-se a uma atrapalhação dos criativos de Manchester - colegas na seleção, adversários na cidade inglesa - entre Bruno Fernandes e Bernardo Silva, aos 15 minutos. Ficaram pelo 'vai tu ou vou eu', ninguém foi e o passe fantástico de Pedro Neto ficou-se pelo adjetivo. E ainda ao que se pode considerar um desperdício de Cristiano Ronaldo aos 41: ganhou de cabeça após centro de Rafael Leão, mas o desvio bateu num polaco e saiu para fora. O árbitro deu pontapé de baliza, Ronaldo protestou mito e viu amarelo. O mesmo que Bruno Fernandes tinha visto antes, também pelo mesmo motivo, o que o retira do jogo da próxima 2.ª feira com a Croácia. O de João Neves, ao menos foi por uma falta a meio-campo.

Na seleção nacional, evidenciava-se Diogo Costa, Aos 41, teve de se aplicar para impedir o golo dos polacos, num desvio na pequena área de Dalot. Seria autogolo. E quando não era o guarda-redes da seleção, era o poste. Minuto 38: Piatek ganhou a Renato Veiga, partiu em velocidade e rematou, com a bola a sair para fora, depois de raspar na base do poste.

Por altura do intervalo, intensa era apenas a chuva que caía na cidade Invicta, a deixar o relvado mais rápido e a importunar alguns adeptos nas bancadas.

Michał Probierz estaria a gostar do que via da sua equipa, lamentando apenas a falta de golos. E falta de sorte, já que aos 32 minutos, tinha perdido Bartosz Bereszyński por lesão (entrou Jakub Kaminski), já depois de também ter perdido, durante o aquecimento, Szymanski, que deu o seu posto a Bogusz no onze. A acrescentar a isso tudo, a lesão do capitão e estrela da equipa, Roberto Lewadowski, que já se sabia que iria falhar os dois últimos jogos da fase grupos da Liga das Nações.

Corre, que corres muito, Leão!

Para Roberto Martinez, o problema estava no meio-campo e na primeira fase de construção. Por isso trocou de médios do PSG, lançando Vitinha, mais sereno e mais criativo, no lugar de João Neves, mais intenso e mais acelerado. Nos polacos, Walukiewicz rendeu Bednarek e Marczuk entrou no lugar de Bogusz.

A conversa ao intervalo surtiu efeito porque foi outro Portugal aquele que voltou dos balneários: na atitude, na intensidade, na decisão e na vontade de ganhar.

O jogo pedia uma velocidade felina do lado luso. Foi assim que Leão soltou as garras, puxou da sua principal arma (velocidade), cavalgou por aí adentro desde à entrada da área lusa até soltar em Nuno Mendes na outra ponta, o lateral respeitou o movimento do Rafael e meteu-lhe a bola com todos os ingredientes pesados - tempo, intensidade e velocidade - para o cabeceamento certeiro do avançado que milita no AC Milan, aos 59 minutos. O mais difícil estava feito. Antes, tinha dado o primeiro aviso, num tiro fantástico do lado direito que por pouco não deu golo, aos 49 minutos.

Curiosamente, o jogo até tinha começado com uma oportunidade da Polónia, negada mais uma vez por Diogo Costa: a 'bomba' de longe de Marczuk foi travado pelo guardião nacional com mais uma bela defesa, para canto.

Aos 70 minutos, numa das melhores jogadas de Portugal, nasceu o 2-0. Depois de várias trocas de bola na área polaca, Vitinha descobriu Dalot, o defesa rematou, a bola foi travada pelo braço de Kiwior. Grande penalidade prontamente assinalada pelo árbitro lituano Donatas Rumsas. Chamado a converter, Cristiano Ronaldo mostrou classe e rematou para o meio da baliza, fazendo o 2-0.

Hora dos grandes golos

A Polónia respondeu, mas sempre no 'quase'. Ao minuto 75, grande lance de Zalewski na área lusa, a bola foi ter com Buksa que simulou tanto o remate que quando atirou, acertou na muralha de pernas. Afastou depois Renato Veiga.

As mudanças de Roberto Martínez ao intervalo davam resultado. Aos 80 minutos, Vitinha acelerou pelo meio, meteu em Bruno Fernandes que aproveitou o espaço que lhe deram para disparar uma 'bomba' de fora da área, fazendo um golaço.

Bruno abria a temporada de 'bujardas' já que, três minutos depois, foi Pedro Neto mostrar-lhe que também sabe: passe de Cristiano Ronaldo, a respeitar a desmarcação do extremo que, com o pior pé (direito), disparou muito forte, com pouco ângulo, fazendo mais um golaço. O guardião Bulka nem viu a bola.

Com a vantagem, Roberto Martinez lançou João Félix, Samu Costa e Francisco Trincão nos lugares de Bernardo Silva, Rafael Leão e Pedro Neto.

Por esta altura, o Dragão pedia mais um e como Cristiano Ronaldo não gosta de ficar atrás quando se pede nota artística, resolveu fazer o melhor golo da noite, aos 87 minutos: centro de Vitinha, pontapé de bicicleta do capitão para a maior explosão de alegria na fria e chuvosa noite do Dragão. 5-0.

O tento de honra dos polacos chegou aos 89 minutos, em mais uma desatenção da defesa lusa: Nuno Tavares, que se estreou, tentou sair a jogar dentro da área, fez um passe a queimar para Vitinha que perdeu a bola. Aproveitou Marczuk para, à segunda, bater finalmente Diogo Costa.

No outro do grupo, a Escócia bateu a Croácia por 1-0, resultado que permite a Portugal garantir, desde já, o primeiro lugar do Grupo A1. Portugal passou a somar 13 pontos na liderança - mais seis do que a Croácia.

Os croatas, que jogam com a seleção portuguesa na segunda-feira, em Split, estão em perigo para a próxima fase. São segundos, tem vantagem no confronto direto com a Polónia, terceira, com quatro pontos, mas não com a Escócia, quarta colocada, também com quatro pontos. Se a Croácia perde com Portugal e a Escócia ganha na Polónia, os escoceses seguem em frente como segundo colocados.

Tendo em conta o primeiro posto já garantido, Portugal será cabeça de série no sorteio dos quartos de final, agendado para 22 de novembro, sendo que já sabe que jogará a primeira mão fora e a segunda em casa.