
Com o recurso ainda pendente, mas afastado do banco por nove meses, Paulo Fonseca vai poder, esta quinta-feira, orientar o Lyon desde o relvado, em Old Trafford, na segunda mão dos quartos-de-final da Liga Europa frente ao Manchester United. Será uma exceção rara desde que foi suspenso – um castigo que o impede de estar junto à equipa na Ligue 1 até final de novembro.
Às vésperas do jogo europeu, o técnico português abriu o coração em entrevista ao L’Équipe, revelando que talvez devesse ter feito uma pausa maior entre o final da sua curta passagem pelo Milan e o início da aventura em França. “Não tive descanso. E não imaginam a pressão que é treinar o Milan! Talvez devesse ter parado, mas não quero arranjar desculpas”, desabafou.
O episódio que ditou o castigo – encostar a testa ao árbitro num momento de fúria – continua a marcar o seu percurso no Lyon. Paulo Fonseca reconhece que “gritar na cara do árbitro” foi um erro, mas considera que pagou por mais do que isso. “Fizeram de mim um exemplo. Havia muita pressão sobre a arbitragem em França na altura, e senti que fui apanhado nesse turbilhão”, lamenta, referindo que até políticos intervieram no debate.
A suspensão tem sido um teste à liderança. Paulo Fonseca organiza os planos antes dos jogos, despede-se da equipa quando o autocarro chega ao estádio e sobe para a bancada. “É muito difícil estar longe do relvado, longe dos jogadores, dos momentos no balneário… isso muda tudo”, reconhece, admitindo que, apesar das soluções encontradas, nada substitui o contacto direto.
Ainda assim, a adversidade parece ter tido um efeito colateral positivo. “Fortaleceu o grupo. O balneário uniu-se, o clube também”, assegura. No dia 6 de maio, terá uma audiência no Comité Olímpico francês onde espera reverter a sanção que considera desproporcional por se estender além desta época.
Para já, o foco está em Old Trafford. No palco onde finalmente poderá voltar ao banco, Paulo Fonseca quer deixar o peso do castigo na bancada e mostrar que o Lyon continua vivo na Europa.
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