“Nós temos de tentar perceber os sinais de mudança e tentar criar desenvolvimento, recursos, formar, criar boas políticas nestes países para deixarmos aquele passado, um pouco egocentrista em determinados valores, e pensar que temos de viver num Mundo mais aceite e mais tolerante”, disse Abel Xavier.
Entre os “sinais de mudança” destacados pelo ex-futebolista estão a recente organização da Taça das Nações Africanas por Angola, o Mundial, agora, e os Jogos Pan Olímpicos Africanos, em Moçambique, reconhecendo: “É boa a predominância da língua portuguesa nestes próximos eventos”.
“A consciência das pessoas está também virada para causas sociais e o futebol é um veículo importante, que pode lançar uma mensagem muito forte para o desenvolvimento de certos continentes e países. Eu, sendo africano, porque nasci em Moçambique, tenho muita expectativa que depois de um evento desta envergadura faça com que, em termos futuros, se passe a olhar para África de uma maneira um pouco diferente”, assinalou Abel Xavier.
Segundo o antigo internacional luso, o continente africano “tem a sua própria riqueza mas tem vivido numa grande hipocrisia instalada”, acentuando a importância da “mensagem muito forte do futebol na sociedade” para concretizar estas mudanças.
No dia em que é dado o pontapé de saída para o Mundial2010, com o jogo inaugural entre a anfitriã e o México, e, depois, como embate entre Uruguai e França, ambos para o Grupo A, Abel Xavier destaca os favoritos “crónicos” e coloca Portugal como “outsider”, juntamente com uma selecção africana.
“A Espanha é uma grande candidata, mas temos os de sempre, como o Brasil, a Argentina e a Inglaterra, que penso que vai fazer uma boa campanha. Depois, há um segundo grupo, que pode surpreender, no qual destaco Portugal e espero uma selecção africana”, referiu Abel Xavier, acrescentando que “essa surpresa e esse sucesso levaria ao continente alegria muito especial”.
A selecção portuguesa entra em campo terça-feira e, segundo Abel Xavier, as “grandes expectativas que Portugal tem” devem provocar, nestes dias que antecedem o jogo diante da Costa do Marfim, sensações de “grande optimismo e ansiedade”.
“Entre os jogadores deve haver uma tensão normal. Sabemos que há jogos antes que vão dar uma ideia da grandeza e da responsabilidade. Mas, não tenho dúvidas que esta pressão é muito mais externa porque os nossos jogadores já acumulam uma grande experiência nos clubes e também na selecção”, concluiu.
Antes de terminar a carreira futebolística nos norte-americanos dos LA Galaxy, Abel Xavier alinhou em clubes como Middlesbrough, Everton e Liverpool (Inglaterra), Bari e AS Roma (Itália), Hannover (Alemanha), Galatasaray (Turquia), PSV Eindhoven (Holanda), Oviedo (Espanha), Benfica e Estrela da Amadora e disputou, com a camisola das “quinas”, o Euro2000 e o Mundial2002.
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