Centenas de milhares de pessoas assistiram no domingo à tradicional parada do Dia de Portugal em Newark, que juntou polícias, ranchos folclóricos e escolas, embora este ano a festa tenha sido afetada por uma pequena mágoa.
A Ferry Street, conhecida pelas inúmeras lojas de Portugal, recebeu cerca de duas centenas de milhares de pessoas, com o vermelho da bandeira a ser a cor dominante e a camisola da seleção portuguesa de futebol a indumentária mais usada, numa festa a que não quiseram faltar pessoas de muitas outras nacionalidades.
A presença da seleção a estagiar ali bem perto, a cerca de 30 quilómetros, trouxe uma alegria especial a muitos destes portugueses, embora no domingo a desilusão e alguma mágoa marcasse também as pessoas, devido à ausência na festa dos dirigentes desportivos da seleção.
A voz do descontentamento é a de Fernando Grilo, presidente da União dos Clubes Luso-Americanos de New Jersey e organizador da parada, que, embora garanta total apoio à seleção, até porque houve "centenas de pessoas que se deslocaram 1.000 quilómetros para ir e vir de Boston para estarem" com a equipa, lamenta a distância dos dirigentes.
"Infelizmente, a colaboração dos dirigentes tem deixado muito a desejar. Eles estarem aqui a 20 quilómetros ou a 2.000 é exatamente a mesma coisa. Não houve a mínima preocupação da parte deles, a mínima aproximação. Leva-me a pensar que os dirigentes vêm fazer turismo. Quando nós temos individualidades como o Humberto Coelho e o João Pinto, que estão com a seleção, e nós temos 19 associações aqui e não há o mínimo de intercâmbio?", questionou.
Fernando Grilo considerou que os dirigentes "teriam a obrigação de fazer uma certa convivência, porque estão numa área que tem 150 mil portugueses e não se aproximam deles, não fazem o mínimo esforço".
"Os jogadores não têm nada a ver com esta situação. Eles têm um trabalho a fazer e nós apoiamo-los totalmente e vão poder ver isso na terça-feira [jogo particular com a Irlanda, em New Jersey]", garantiu Fernando Grilo.
Voltando à parada, o presidente da União dos Clubes Luso-Americanos de New Jersey recordou um pouco da história do evento e agradeceu a São Pedro pelo bom tempo que se fez sentir, até porque "normalmente chove durante neste fim de semana".
"Isto começou há 35 anos. E começou unicamente com as pessoas desta rua a virem para a rua, a venderem os seus produtos no passeio e expressarem o amor a Portugal. Depois desenvolveu-se para aquilo que é hoje", relembrou.
Os hinos dos Estados Unidos e de Portugal, gritos de vivas aos dois países abriram a cerimónia, na qual estiveram o cônsul-geral de Portugal em New Jersey, Pedro Soares de Oliveira, o atual mayor de Newark Luis Quintana e o seu sucessor Ras Baraka e o xerife do condado de Essex, Armando Fontoura, cujas forças abriram a parada.
Depois das motos, carros, camiões, blindados e outras viaturas da polícia terem percorrido a Ferry Street, seguiram-se os mais de 80 grupos que participaram na parada, em que, de acordo com a organização, desfilou cerca de um milhar de pessoas.
Os mais de 30 graus que se faziam sentir às 14:00, quando começou a parada, não afastaram da rua as pessoas, que aplaudiram as passagens de bombos, ranchos folclóricos, associações de polícias e militares, casas de várias regiões do país, associações locais, escolas, com as tradicionais "majoretes" e "cheerleaders" americanas.
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