Num artigo do “Player’s Tribune” publicado esta segunda-feira, Ángel Di María confessou um episódio que aconteceu antes da final do Mundial de 2014 no Brasil.
"Eram 11h00 e eu estava sentado na mesa do treinador prestes a receber uma injeção na perna. Tinha rasgado o músculo da coxa nos quartos-de-final, mas com analgésicos podia correr sem sentir nada. Disse aos nossos médicos exatamente estas palavras: 'Se eu piorar, então deixem-me continuar a piorar. Eu não me importo. Só quero poder jogar.' Estava a colocar gelo na perna quando o nosso médico, Daniel Martínez, entrou na sala com um envelope e disse: 'Olha, Ángel, esta carta veio do Real Madrid.' Eu disse: 'O que estás a dizer?' E ele respondeu: 'Bem, eles estão a dizer que não estás em condições de jogar. Por isso, querem forçar-nos a não te deixar jogar hoje'", começou a explicar o antigo jogador do Benfica.
"Percebi logo do que se tratava. Toda a gente sabia, toda a gente tinha ouvido os rumores que o Real Madrid queria contratar James Rodríguez depois do Mundial e sabia que me queriam vender para abrir espaço para ele. Por isso, não queriam que o seu peão se lesionasse. Peguei na carta e nem sequer a abri. Rasguei-a em pedaços e disse: 'deita-a fora, quem decide aqui sou eu'", continua o internacional argentino.
Depois de perceber o que estava realmente em causa, Di María fez tudo o que pode para jogar na final, mas tal acabou por não acontecer. "Comecei a chorar. Não pude evitar. O momento dominou-me. Quando tivemos a palestra antes do jogo, o mister Sabella anunciou que o Enzo Pérez ia jogar de início porque estava a 100%. Fiquei em paz com a decisão. Levei uma injeção antes do jogo e outra para a segunda parte para poder estar pronto caso ele me chamasse a partir do banco. Essa chamada nunca veio, perdemos o Mundial e não consegui controlar nada. Foi o dia mais difícil da minha vida", confessou Di María.
O jogador não chegou mesmo a entrar em campo na final frente à Alemanha, e os germânicos acabaram por vencer a partida por 1-0, com um golo de Mario Götze.
Comentários