Luís Figo, o "padrinho" da expedição, disse-lhe: "às vezes, para atingirmos coisas especiais, temos de superar-nos". Para isso, Ricardo Diniz, o "expedicionário", tem de seguir esse mesmo conselho para concluir a travessia entre Lisboa e Salvador da Baía.
As palavras daquele que é, atualmente, o jogador português mais internacional pela seleção ainda ecoam em Ricardo, que, a bordo do "Fly TAP", um veleiro de 20 metros, com mais três de mastro, mostrou determinação em, antes de transmitir a mensagem à seleção, superar-se a si próprio para chegar àquela cidade brasileira.
No Mindelo, na ilha cabo-verdiana de São Vicente, segunda paragem da "expedição", o velejador solitário português explicou à agência Lusa que, no essencial, a ideia subjacente às palavras de Figo é a da superação. Por outras palavras, trazer o título de campeão do Mundo para Portugal no mundial brasileiro de junho e julho.
Mas a mensagem de Figo é também a de milhares de portugueses que, ao saberem da "missão" de Ricardo, lhe enviaram mensagens de apoio à seleção portuguesa, que imprimiu em papel de cortiça e depositadas numa garrafa, "grande e bonita", feita de propósito na indústria vidreira da Marinha Grande.
"Ir ao Brasil à vela, sozinho, desde Portugal, passando pela Madeira e Cabo Verde, é unir quem fala Português por um canal pelo qual já somos muito reconhecidos, o mar, o maior palco do Mundo. Este ano, o Mundo olha para o maior evento desportivo a falar português, que é o ("Mundial" do) Brasil. Era obrigatório fazer esta viagem", explicou, lembrando que saiu de Lisboa a 23 de abril.
A bordo, e além da garrafa, leva também a bandeira portuguesa, a par de inúmeros parceiros que patrocinaram a "aventura lusitana 100% portuguesa" de Ricardo, o velejador de 37 anos que atingirá as 100 mil milhas navegadas (quase quatro voltas ao Mundo) algures no percurso entre o Mindelo e Salvador, que iniciará dia 21.
"É uma sensação muito boa poder concretizar mais um projeto, mais uma expedição com parceiros fantásticos. Tudo isto enche-me de muita alegria e felicidade, porque sinto que estou a fazer exatamente aquilo que tenho de estar a fazer neste momento na minha vida, que é cumprir esta expedição, que, muito além de ser vela, é a minha missão, comunicando Portugal no Mundo", salientou.
Recordando que a ligação entre Lisboa e a Madeira foi rápida e sem problemas e que a segunda etapa, até ao Mindelo, foi "dura", com ventos inconstantes, o navegador solitário português afirmou esperar "algumas dificuldades" para percorrer as 2.000 milhas náuticas (3.740 quilómetros) da segunda metade da "missão".
"Acredito que haja vento bastante definido na primeira semana e meia. Depois, vou enfrentar uma faixa que rodeia todo o planeta Terra, um cinto um bocadinho a norte do Equador, a que se chama zona de convergência intertropical, com uma instabilidade de ventos brutal e também com `ventos zero´ durante muito tempo", previu.
O tempo de viagem, acrescentou, variará entre os 13 dias, "se tudo correr bem", e os 21, "se houver mais dificuldades das que espero", mas a cereja no topo do bolo seria atingir Salvador a 10 de junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades.
"Ainda daria tempo para sair de Salvador e ir ter com a seleção, que não quero incomodar, para dar-lhes este abraço e mostrar-lhes que um simples mensageiro sonhador, leva uma mensagem de muitos, para lhes dar força e, tal como disse Figo, temos de nos superar às vezes para atingirmos coisas especiais", indicou.
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