Chegar ao Dragão com apenas 32 anos e somente com alguns meses de experiencia como técnico principal, na Académica, não parecia suficiente para o homem que ganhou curriculum ao lado do insuspeito José Mourinho, que acompanhou em todos os êxitos nacionais e internacionais desde 2003.
O percurso no Dragão até começou bem, apesar das vitórias serem ‘magras’, mas cedo teve o primeiro teste à sua fibra, antes da Supertaça com o Benfica, na sequência de derrotas consecutivas no Torneio de Paris com PSG (0-1) e Bordéus (1-2).
O treinador reconheceu “trabalho a fazer”, mas desvalorizou os desaires, garantindo que, dias depois, na Supertaça, “o grupo terá outra motivação”.
“Desconfiança só se for a gerada por alguns órgãos de comunicação social. A confiança está toda do nosso lado, a desconfiança são vocês que a querem para entreter. A equipa ri-se dessa desconfiança”, garantiu, na véspera do desafio de Aveiro.
O triunfo 2-0 foi incontestável e sobressaíram as imagens de cumplicidade de André Villas-Boas com os seus pupilos, no festejo efusivo pelo triunfo contra o rival de sempre.
“Isto ultrapassa os meus sonhos de criança. E foi um grito de revolta de um clube que leva 10 Supertaças, enquanto o outro leva uma nos confrontos directos”, resumiu, no final do jogo.
Esse foi o primeiro desafio oficial da época que neste momento já vai em seis a “doer”, todos saldados por vitórias, no que é o melhor arranque no século XXI.
Apesar de reconhecer que a equipa ainda tem “margem de progressão”, destacando os “aspectos defensivos a corrigir”, a verdade é que só por uma vez o FC Porto sofreu golos, em casa frente aos belgas do Genk, na Liga Europa.
Quando os reforços tardaram a chegar, o treinador revelou serenidade: “Escusam de vasculhar muito porque as coisas estão à vista. Somos fortes no mercado e é uma questão de tempo até chegarem os reforços”.
O técnico também foi a voz do clube quando Bruno Alves e Raul Meireles estavam de saída, lembrando que “ninguém sai por meia batuta” e que os interessados deveriam “pagar o preço justo”.
Pelo meio, também deu “troco” a José Mourinho, embora comedido na hora de falar do seu principal mentor – recusa o papel de clone do “special one”, pois, assume, tem “ideias e personalidade diferentes”.
André Villas-Boas não esconde a forte ligação ao seu FC Porto – “tenho de o convencer (Pinto da Costa) a ficar cá 10 anos, não só porque amo o clube desde sempre, mas também pelo ambiente” – e vai assumindo um discurso cada vez mais identificado com a identidade do “dragão”.
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