No futebol português, a máxima «mudam-se os tempos, mudam-se as vontades» não se aplica a jogos com uma carga histórica como um Sporting-FC Porto, especialmente para os adeptos, que exigem sempre a vitória, independentemente de quem veste a camisola.
Mas o clássico de Alvalade da 21.ª jornada tem uma particularidade singular. Nunca o Sporting recebeu o rival do FC Porto numa posição tão debilitada a nível competitivo, e perante este cenário, os adeptos leoninos serão realmente a única constante histórica "a jogar" num jogo entre duas equipas de realidades distintas. O FC Porto está à porta dos quartos-de-final da Liga dos Campeões, lidera o campeonato a par do Benfica, e apresenta um futebol de elevada qualidade para a realidade interna do país. A somar a essas particularidades, o FC Porto conta ainda com quatro jogadores no seu plantel que há bem pouco tempo eram as referências do Sporting.
Do lado do Sporting, a crise financeira e desportiva obrigou o emblema de Alvalade a emagrecer o seu plantel e a abordar o resto da época de forma totalmente pragmática. Os leões encontram-se no 11.º lugar do campeonato, a 30 pontos do FC Porto, e preparam-se para receber os bicampeões nacionais praticamente desarmados de referências competitivas no seu plantel. Para além disso, Alvalade ainda terá que encarar quatro jogadores que já deram muito ao clube mas que neste clássico vão estar do outro lado a representar as cores dos rivais. Mas o verde é a cor da esperança, e adeptos leoninos contam com os talentos emergentes da Academia do Sporting para o jogo com o FC Porto. O problema é que, perante os factos recentes, o FC Porto parece ser o clube onde os jogadores formados no Sporting acabam por ir tirar o mestrado para terminar a sua formação.
E perante este cenário, ao qual se pode somar a transfiguração competitiva de Izmailov no Dragão, resta aos adeptos do Sporting criar um clima infernal aos "traidores", que sendo profissionais, vão passar de certeza ao lado dos assobios das bancadas, o único ativo competitivo dos leões nestes tempos difíceis.
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