O Benfica somou, na noite de quinta-feira, o terceiro jogo consecutivo sem ganhar, no espaço de uma semana. Depois da derrota por 2-1 em Alvalade, com o Sporting, para a Taça de Portugal, e da goleada por 5-0 sofrida ante o FC Porto, para a Primeira Liga, um empate 2-2 na receção ao Rangers, para a Liga Europa.
Podia ter sido melhor, podia ter sido pior, mas não foi certamente o 'pedido de desculpas' que Roger Schmidt tinha em mente e não chegou, de todo, para fazer as pazes com os adeptos. Podia ter sido melhor, na medida em que o Benfica foi claramente mais dominador e criou inúmeras situações ao longo dos 90 minutos que podiam ter resultado em golo e numa vantagem para levar para Glasgow dentro de uma semana. Mas também podia ter sido pior porque apesar do caudal ofensivo das águias, os seus dois golos só surgiram fruto de dois erros do adversário: na transformação de uma grande penalidade a castigar mão na bola e graças a um golo na própria baliza. Isto apesar de, ao todo, terem feito 25 remates (mas apenas cinco no alvo) e conquistado 14 cantos....
Denominador comum aos dois golos das águias, o pé esquerdo de Angél Di María. O argentino continua a fazer a diferença na construção de lances de perigo dos encarnados e, desta feita, foi ele que bateu o pontapé de canto que originou a grande penalidade foi ele a converter essa mesma grande penalidade e foi, depois, também ele a bater, na segunda parte, o livre que resultou no autogolo que valeu o 2-2 ao Benfica.
Roger Schmidt tinha dito, antes do jogo, que mais do que pedir desculpas, era importante mostrar uma reação em campo. Mas a reação demonstrada não foi suficiente para garantir a vitória e o Benfica terá agora de ir ganhar à Escócia (nem que seja no desempate por penáltis), dentro de uma semana para seguir em frente na Liga Europa. Adivinha-se (mais um) jogo complicado e de muito esforço numa fase tão apertada da época em termos de calendário.
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O jogo: Águia a correr atrás do prejuízo
Apesar de muitas mexidas na equipa em relação ao jogo com o FC Porto, o encontro não começou nada bem para um Benfica abalado pelo descalabro de domingo, no Estádio do Dragão. Volvidos apenas sete minutos de jogo, as águias viram-se em desvantagem no marcador frente ao Rangers, curiosamente com um antigo jogador do FC Porto (que também passou pelas camadas jovens do Benfica) na jogada. Fábio Silva, com a defesa do Benfica mal posicionada e apanhada em contra-pé, desmarcou Diomande e este cruzou na perfeição para Lawrence inaugurar, de cabeça, o marcador.
O Benfica reagiu e criou vários lances de perigo. Mas nalguns deles pecou pela definição no último passe e noutros, quando esse último passe saiu, encontrou um inspirado Jack Butland na baliza do Rangers (na retina ficam várias defesas do guardião inglês a remates de Neres, complementada, numa delas, com outra grande intervenção a travar a recarga de Arthur Cabral). Ainda assim, perante perante tanta pressão, os encarnados acabaram mesmo por marcar, mesmo em cima do minuto 45. Di María marcou um canto para o primeiro poste, um defesa do Rangers acabou por tocar a bola com o braço e, alertado pelo VAR, o árbitro assinalou penálti. O mesmo Di María, com tranquilidade, converteu o castigo máximo.
Só que quem pensava que o mais difícil estava feito e o Benfica tinha marcado na altura certa para, depois, ir à procura do empate, enganou-se. É que, ainda antes do final da primeira parte, o Rangers recolocou-se na frente. Jogada de insistência, Fábio Silva a aproveitar na esquerda novo o desposicionamento da defesa das águias e a assistir Sterling que, vindo de trás, encostou para o fundo das redes.
O Benfica viu-se, de novo, obrigado a correr atrás do prejuízo e foi o que fez desde o arranque da segunda parte, da mesma forma do que na primeira: com alguma falta de discernimento no último passe e alguma falta de eficácia no momento da finalização. Fábio Silva ainda ameaçou o terceiro do Rangers, antes de as águias chegarem mesmo ao empate, graças a um desvio infeliz de cabeça de Goldson para dentro da própria baliza após livre batido por Di María. Ainda faltavam 23 minutos para os 90, mas apesar de muito pressionar o Benfica não mostrou capacidade para chegar à vitória.
O momento: Autogolo salvador
Minuto 67. O Benfica pressiona e encosta o Rangers à sua área, mas teima em não marcar. Até que conquista um livre a meio do meio campo do Rangers. Como tão bem sabe, Di María bate a bola na perfeição para meio da grande área escocesa e Goldson, na tentativa de cortar a bola, trai o seu guarda-redes e faz autogolo, ditando o resultado final e fazendo o Estádio da Luz respirar (pelo menos um pouco) de alívio.
A figura: Di María e o seu pé esquerdo mágico
João Neves esteve, como sempre, em todo o lado e rubricou uma grande exibição, mas quem acabou por ser determinante para que o Benfica acabasse por evitar mais uma amarga derrota foi Di María e o seu pé esquerdo. Até nem foi das noites mais inspiradas do argentino, mas como em tantas vezes esta época, os golos do Benfica só apareceram quando ele apareceu. Marcou o primeiro, na transformação de um penálti (o seu terceiro golo de grande penalidade na prova) que nasceu de um canto por ele batido e cobrou depois, na segunda parte, na perfeição, o livre que resultou no 2-2 final. Decisivo, mesmo numa noite menos inspirada.
As reações
- Schmidt gostou da equipa, mas realçou ineficácia. Otamendi admite mau momento
- Treinador do Rangers "não totalmente contente". Fábio Silva destaca solidez defensiva
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