As equipas orientadas por Roger Schmidt, que tem um princípio de acordo com o Benfica, da I Liga, destacam-se pela vertigem ofensiva, traçou à agência Lusa o ex-futebolista Jonathan Soriano, que se cruzou com o treinador alemão.

“É um técnico muito intenso, com paixão, uma ideia clara e futebol ofensivo. Prioriza ser ofensivo em vez de defensivo e tenta ir pela vitória. Vão ser sempre jogos atrativos. Vai ganhar e perder, mas será sempre um espetáculo”, vincou o ex-avançado, de 36 anos, comandado pelo germânico no Salzburgo (2012-2014) e no Beijing Guoan (2017-2018).

O técnico, de 55 anos, está em fim de contrato com os neerlandeses do PSV Eindhoven, que treina desde 2020/21, depois de, além das experiências na Áustria e na China, ter orientado os alemães do Bayer Leverkusen, Paderborn, Preussen Munster e Delbrücker.

“Na Alemanha, o Bayer Leverkusen voltou a ter êxito e regularidade de estar na Liga dos Campeões. Depois, conseguiu que um clube histórico, que já levava algum tempo sem conseguir títulos, vencesse a Taça da China. Agora, levantou a Taça dos Países Baixos. Isso significa que é um treinador com êxito. Estou seguro de que o Benfica conseguirá títulos através do seu estilo de jogo e porque é um clube em que se vence muito”, frisou.

Ao longo de uma carreira regada de golos, Jonathan Soriano anotou 102 tentos em 109 partidas sob alçada de Roger Schmidt, de quem recebia ordens para “pressionar muito após a perda de bola em zonas adiantadas”, reduzindo o caminho até à baliza contrária.

“Não lhe serve que um jogador faça muitos golos, mas não corra a nível defensivo. Isso não existe. Com ele, temos de correr e dá-lhe igual se marca ou não. Defendem os 11 e atacam os 11 com muita mobilidade. Não é de deixar o avançado na área. Requer que corra e até caia no flanco. Ou seja, toda a equipa tem de estar em movimento”, avaliou.

A verticalidade do futebol do técnico germânico tem repercussão nos seus treinos, que “são muitos intensos com e sem bola”, permitindo que os jogadores abordem as partidas com “a mentalidade de que as coisas que estão a treinar são as que farão em campo”.

“Os treinos são o mais relevante que o Roger Schmidt tem. Não importa tanto o sistema tático, mas a ideia de jogo. No final, é igual jogar em ‘4-4-2’, ‘4-2-3-1’ ou ‘4-3-3’, já que a ideia é sempre a mesma, ainda que logicamente também dependa muito do adversário. Vão ver uma equipa intensa, com muita pressão e a correr imenso”, reiterou o catalão.

Desvalorizando a barreira linguística na chegada iminente ao Benfica, pois “a linguagem do futebol é universal”, Jonathan Soriano, que competiu no seu país por Espanyol, FC Barcelona, Girona, Albacete ou Almería, entre outros, e acumulou uma experiência nos sauditas do Al-Hilal, lembrou ainda a convivência diária de Roger Schmidt com o plantel.

“É muito próximo. Preocupa-se com a vida do jogador, em saber como está a sua mulher e os seus filhos e não apenas se está bem a nível futebolístico. Recordo-me do dia em que tive o episódio do nascimento da minha filha. Esteve preocupado a todo o momento pela nossa situação e ajudou-me muito a estar tranquilo nesse sentido”, enalteceu o ex-dianteiro, que assistiu à projeção do antigo médio como treinador na elite internacional.

O ex-internacional sub-21 espanhol, que se despediu dos relvados na época passada ao serviço do Castellón, trabalhou com Pep Guardiola, Luis Enrique, Mauricio Pochettino, Ernesto Valverde ou o português Jorge Jesus, mas ficou marcado por Roger Schmidt.

“Quando cheguei ao Salzburgo, eu era um tipo de jogador. Com ele, consegui os meus melhores anos. Foi o período em que mais me diverti, mais títulos consegui e melhor me correu pessoalmente. Com o Roger Schmidt crescemos sempre como futebolistas, pois aporta um estilo muito diferente do que estamos habituados. Se outros técnicos buscam mais a vertente tática, com ele dei um passo em frente e consegui boas coisas”, notou.

Jonathan Soriano admite que o alemão está destinado a um patamar superior, vendo na opção pelo Benfica a partir da próxima época um “passo muito grande” no seu percurso, bem como uma ocasião para “pegar num clube histórico e lograr sucesso internacional”.

“É bom taticamente, tem uma mentalidade muito boa e é muito humano. Não creio que possa crescer mais, pois tem uma faceta aberta em todos os âmbitos e preocupa-se com tudo”, concluiu o catalão, que venceu com Roger Schmidt a Liga e a Taça da Áustria, ambas em 2013/14, pelo Salzburgo, e a Taça da China, em 2018, com o Beijing Guoan.

O técnico natural de Kierspe prepara-se para orientar o oitavo clube na carreira e fazer regressar um estrangeiro ao leme das ‘águias’ 13 anos após o espanhol Quique Flores, sucedendo a Nélson Veríssimo, que veio substituir Jorge Jesus em dezembro de 2021.

Ao fim de 32 jornadas, o Benfica ocupa o terceiro lugar da I Liga, com 71 pontos, cinco abaixo do campeão nacional Sporting, segundo, que tem menos um jogo, e a 14 do líder isolado FC Porto, estando prestes a finalizar a segunda época consecutiva sem títulos.​​​​​​​