Bruno de Carvalho admite que não foi feliz nas suas declarações, logo após saber da invasão da Academia de Alcochete em maio de 2018. Em entrevista à TVI e TVI24, o antigo presidente do Sporting falou de alguns dos aspetos do seu livro, 'Sem Filtro – As Histórias dos Bastidores da Minha Presidência', lançado esta sexta-feira, onde abordou a questão da invasão do centro de treinos do clube, que acabaria por levar a sua destituição.
"Foi uma péssima declaração. Devia ter dito que era um crime hediondo e ter parado aí. O homem Bruno de Carvalho estava totalmente destruído. Não assisti só a isso enquanto estive na Academia. Vi as imagens, o estado dos jogadores e da equipa técnica e as maiores figuras do Estado a apontarem-me o dedo. Os elementos da comunicação deviam ter-me parado logo ali. Foi gravado. Não correu bem. Houve situações em que não fui ajudado. Bastava ter parado a declaração no fim da primeira frase. Ser líder tem muito de solidão. Ou se está bem escudado ou também se cometem muitos erros. Não consegui viver bem com tudo o que assistia na TV. Disse que o crime faz parte do dia mas fui claro a dizer que o crime era hediondo", lembrou o antigo presidente do Sporting, recordando que outras equipas tinham sofrido o mesmo.
"Alcochete foi crime hediondo e ampliado porque há imagens. Pedro Martins [n.d.r.: ex-treinador dos minhotos], como líder, retirou os telemóveis e fez com que os jogadores treinassem na academia; os jogadores do Sporting passaram uma semana a treinar em casa ou na clínica do doutor Varandas. É a diferença entre o líder e o não-líder", comentou.
Ainda sobre essa questão, Bruno de Carvalho diz não entender porque é que o Ministério Público deu tanta importância à mudança da hora do treino, logo após a derrota na Madeira frente ao Marítimo.
"O que aconteceu, aconteceria independentemente da hora. Se o treino tivesse sido às 10 horas, o ataque teria acontecido às 10 horas. [..] As pessoas não perceberam, mas no dia anterior à Academia tive de explicar a Jorge Jesus que não estava despedido. Não continuaria após o final da época, o que lhe dava tempo para procurar uma solução, mas não estava despedido e até lhe disse que havia uma possibilidade de ser o treinador na final da Taça de Portugal. Mas ele pensava que estava despedido. Teve de ser o Raul José a dizer-lhe: ó homem, isto é simples, se tivermos um papel na mão, não damos o treino, se não tivermos um papel na mão, damos o treino. E então ele mudou a hora de treino", garantiu.
Para Bruno de Carvalho, as rescisões dos jogadores a seguir ao ataque foram um "plano político" que serviram para o "desgastar".
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