Tudo continua bem para os lados da Luz e afinal de contas a rotatividade não traz dores de cabeça a Schmidt. Depois do segundo empate consecutivo - neste caso num jogo de grau elevado diante o PSG - os olhos estavam postos nas competições internas e era exigido um triunfo num duelo frente ao Rio Ave em que saltavam duas coisas à vista: a aproximação do clássico e a capacidade física da equipa depois da Liga dos Campeões.
Por isso mesmo, a vitória 'gorda' diante os Vilacondenses por 4-2 ficou marcada por uma revolução no onze de Schmidt que até começou o jogo a perder mas que rapidamente tomou conta das incidências do encontro tal foi a avalanche ofensiva. Na verdade, nem o guarda-redes Jonathan conseguiu manter a calma e cedeu ao adversário e às bancadas.
Destaque positivo ficou no bis de Gonçalo Ramos - apenas mais um típico jogo do jovem avançado - e para uma estreia a marcar de Petar Musa.
A rotatividade e a alta rotação de Schmidt superiorizou-se a uma equipa também ofensiva mas que não lidou da melhor forma com o que encontrou na Luz.
O jogo: Começou a tremer de um lado até quebrar do outro
Num estádio da Luz muito bem composto, não foi preciso esperar muito para o primeiro golo... mas da parte do Rio Ave.
O Benfica, que contava com Draxler, Ristic, Aursnes, Gilberto e Diogo Gonçalves no onze inicial, sofreu aos seis minutos com uma jogada de contra-ataque eficaz concluída por Fábio Ronaldo.
Se calhar alguns começavam a questionar a legitimidade para tantas trocas no onze inicial, mas a verdade é que o público não desmoralizou e começou a empurrar os encarnados para uma avalanche ofensiva que se iria ver ao longo dos 90 minutos.
Foi com essa avalanche que surgiu o empate por Gonçalo Ramos. Grande jogada ofensiva aos 13 minutos com o avançado português a corresponder ao trabalho protagonizado por Enzo Fernández e João Mário.
Se o Rio Ave já não controlava o adversário, houve mesmo um momento de quebra que resultou num auto-golo de Jonathan. O guardião brasileiro recebeu uma bola que aparentemente tinha tudo para ser controlada nas melhores condições, mas o pé saiu furado e a bola entrou na própria baliza. Um momento de todo infeliz que fica na fotografia e que deu o 2-1 para as Águias aos 19 minutos.
A história final começava a desenhar-se em cerca de 20 minutos com Jonathan a tentar redimir-se com algumas boas defesas. Ainda assim, aos 46 minutos Gonçalo Ramos atirou sem hipóteses para o 3-1 em mais uma tarde de glória com o bis do avançado português e com a perspetiva de um intervalo tranquilo.
Na segunda parte, a rotatividade de Schmidt continuou com Florentino e Petar Musa a entrarem, sendo que este último estreou-se mesmo a marcar aos 56 minutos. Desta vez, a assistência coube a Ristic - outro dos destaques positivos - e viu-se o típico golo à ponta de lança.
Se tudo já parecia fechado com o 4-1, um dos grandes golos apareceu nos pés de Guga do Rio Ave. Já sem Samaris em campo - que foi ovacionado e não conseguiu conter as lágrimas à saída - eis que surgiu uma bomba de fora da área sem hipóteses para Vlachodimos. Um bom golo, mas já tarde demais para os visitantes discutirem o resultado.
O 5-2 ainda apareceu por Rodrigo Pinho, mas rapidamente anulado pela equipa de arbitragem. Com o resultado selado, os encarnados mantém a liderança invicta em contagem decrescente para a visita ao Dragão e o Rio Ave fica no décimo primeiro posto da tabela classificativa.
O momento: Ovação a Samaris na Luz
Não envolve o que se passa nas quatro linhas, é verdade, mas é fruto do que lá aconteceu e é uma prova de que no futebol português é possível haver momentos de compaixão mesmo por quem já veste outras cores.
Samaris - que teve uma longa história no Benfica - foi titular no Rio Ave e ao ser substituído aos 66 minutos não conteve as lágrimas tal foi a ovação que veio das bancadas. Claro que em vitórias é muito mais fácil recorrer aos aplausos, mas ainda assim fica na retina a harmonia que tanto faz falta entre todos os adeptos do futebol português.
Os melhores: Gonçalo Ramos, Enzo Fernández e Ristic
Uma tarde de rotação, mas em que as principais figuras mantiveram-se fiéis aquilo a que têm habituado os adeptos do Benfica.
Gonçalo Ramos bisou no encontro e voltou a mostrar porque é uma das principais referências desta nova equipa de Schmidt enquanto um '9' puro.
Enzo Fernández foi um autêntico quebra-cabeças na zona intermediária. Iniciou a jogada que deu o golo do empate e assistiu para o 3-1.
Por fim, Ristic que - se me permitem - conseguiu fazer esquecer a preponderância de Grimaldo. Para uma estreia, mostrou ser um lateral bastante ciente do que era necessário para este jogo com uma clara preponderância ofensiva nas incursões pelo lateral esquerdo.
Os piores: Jonathan e a incapacidade na transição defensiva do Rio Ave
O lado negativo vem precisamente para a equipa visitante e com duas notas específicas.
Jonathan acabou por ter uma noite para esquecer na Luz. O guardião brasileiro acabou por colocar a bola na própria baliza aos 19 minutos num momento em que apenas se pedia uma receção ou um alívio da bola na grande área. Apesar de se ter recomposto com algumas defesas de bom nível, a verdade é que por pouco não voltava a borrar a pintura já nos minutos finais ao ceder à pressão de Musa.
A transição defensiva do Rio Ave num todo também tem de ser vista enquanto um destaque negativo. Pese embora se dê mérito à capacidade do Benfica na pressão ofensiva, a verdade é que eram raras as vezes em que os Vilacondenses eram capazes de controlar a avalanche encarnada sair com tranquilidade. A bola quase sempre ia parar à equipa da casa.
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