“Sem resolver o problema do patrocínio, operar um aumento de capital ou reformular a nossa dívida, através de um empréstimo a cinco anos, que nos permita pagar 500.000 euros por ano, não temos qualquer hipótese de sobreviver”, afirmou Carlos Oliveira, em conferência de imprensa.
O líder do Leixões convocou os jornalistas para fornecer alguns números sobre a actividade da SAD, entre os quais se conta um lucro de cerca de 500.000 euros no exercício 2008/2009 - que terminou a 30 de Junho -, o que acontece pela primeira vez na história da sociedade, constituída em 2002.
No entanto, a situação financeira do clube continua a ser grave: “Não poderei ser responsabilizado pelo futuro se os apoios não chegarem urgentemente. Pelas novas regras, o Leixões poderá não passar (pela fiscalização financeira da Liga) em Janeiro”.
O presidente matosinhense abordou o seu percurso na presidência da SAD, referindo que chegou ao Leixões, em Março de 2004, numa situação de “crise directiva” e de “colapso desportivo e financeiro”, que assegura ter invertido.
“Se se concretizar o objectivo da publicidade (o Leixões não tem patrocinador na parte frontal das camisolas), teremos, este ano, as despesas dentro das receitas correntes”, adiantou.
Carlos Oliveira afirmou que as finanças leixonenses não estão em ordem devido a “erros” do passado e garantiu que o ultimato que agora lançou é ponderado:
“Aguentei cinco anos em condições difíceis, não desisto por birra. Pela ética, respeito por mim mesmo, a instituição e os profissionais que cá trabalham, abandonarei a liderança (em caso de rotura nos salários)”.
O responsável da SAD esclareceu que o clube despendeu, no último exercício, 700.000 euros em encargos financeiros, multas e coimas e que tem equilibrado as contas devido ao seu “apoio pessoal” e à “antecipação de algumas receitas”, por um ano.
Em relação às soluções para sanear as contas, Carlos Oliveira garante ter encontrado “alguma receptividade” por parte de possíveis patrocinadores e explicou os contornos de uma “operação harmónio” para reduzir o capital social e posteriormente aumentá-lo para um valor igual ou, idealmente, superior a um milhão de euros.
Porém, as maiores dificuldades têm vindo da banca: “Estamos desde final de Agosto para descontar o pagamento do Maiorca (relativo à venda do passe do médio Bruno China)”.
Em véspera de eleições autárquicas, Carlos Oliveira elogiou o papel de Guilherme Pinto, actual presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, no processo de “recuperação” do Leixões e criticou, de forma subtil, o candidato independente Narciso Miranda, que se reuniu recentemente com a direcção da SAD.
“Só apresentou cumprimentos. Estava à espera que apresentasse um projecto”, declarou.
A acção da Liga Portuguesa de Futebol Profissional mereceu igualmente a reprovação do dirigente: “A Liga como está não ajuda os clubes pequenos. As suas receitas subiram muito e as dos clubes continuam a descer”.
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