O clássico da 15.ª jornada entre Benfica e FC Porto vai ser um jogo especial carregado de simbolismo devido à morte de Eusébio, considera Rodolfo Reis, antigo jogador do FC Porto que viveu de perto o desaparecimento de Pavão em pleno relvado do estádio das Antas em 1973.
"O sentimento que nós sentimos foi de união após a morte do Pavão. Todo o grupo, os jogadores, os roupeiros, a direção ficámos imbuídos de um espírito de união muito grande devido ao sofrimento daquela altura. Uma vontade muito grande de dar as mãos e seguir em frente. Penso que vai ser um bocadinho o que os jogadores do Benfica vão sentir em relação à morte do Eusébio", começa por lembrar Rodolfo Reis ao SAPO Desporto.
"Equiparo um bocadinho o que eles possam sentir à morte do Pavão que nós sentimos embora penso que no nosso caso tenha sido mais trágico porque ele estava a jogar connosco", acrescentou o antigo internacional português.
Sobre o jogo de domingo no estádio da Luz, Rodolfo Reis prevê uma entrada muito forte do Benfica numa partida onde o "nervo bom" e o "nervo mau" dos jogadores pode vir a afetar o rumo dos acontecimentos.
"Acho que o Benfica vai entrar com todas as “ganas”. Mas, temos de ver que há um nervo bom e um nervo mau. O nervo bom é tudo aquilo em que as nossas energias são canalizadas bem com o cérebro lúcido em que nós conseguimos ser mais rápidos do que o adversário, mais decisivos do que o adversário, mais valentes, mais audazes, mas com grande discernimento. E se acontece isso, então esta equipa torna-se temível. Mas, agora o nervo também dá para perder os movimentos, para se sentir cansado antes do jogo. Durante o jogo não se pensar tão rápido e tão bem. Tudo depende de como os jogadores sentem esse nervo. E depois temos de contar com um FC Porto que é uma equipa profissional, que sabe desses antecedentes todos antes e durante o jogo e vai com certeza absoluta jogar com as mesmas armas porque sabe que se não jogar com as mesmas armas poucas possibilidades tem de vitória. Portanto, o FC Porto vai entrar no ritmo de jogo do Benfica e vai ser uma equipa discernida com a calma quando tem de ter e vai tentar ganhar o jogo e tem grandes possibilidades disso", comentou o antigo jogador do FC Porto.
"É um bom jogo para o Paulo Fonseca demonstrar o quanto é líder"
Instado a comentar o atual momento das duas equipas, Rodolfo Reis considera que o FC Porto não poderá entrar em jogo como o fez frente ao Sporting na Taça da Liga, caso queira vencer o clássico da 15.ª jornada.
"O FC Porto tem de jogar como grande equipa que é há muitos anos esta parte. Tem de jogar como sendo o campeão nacional, neste caso o tricampeão. Tem de jogar o seu futebol, sem medos, como sempre faz e sempre o fez. E tem de jogar o jogo pelo jogo, se possível comandar o jogo. Se o FC Porto jogar como jogou no Sporting, como uma equipa defensiva, por ordens do seu treinador, uma equipa com medo, uma equipa sem arriscar, completamente banalizada pela equipa do Sporting. Se acontecer isto em Lisboa, o FC Porto perde, e não perde só por um. Portanto, se o FC Porto não for uma equipa que vá para a frente discutir o jogo não tenho mínimas dúvidas, que mais minutos menos minuto o Benfica faz golo e depois será muito difícil ao FC Porto inverter", frisou Rodolfo Reis.
"Este jogo pode ser decisivo para os treinadores, não para o título de campeão. Se o Benfica perder, o Jorge Jesus terá na realidade muitos problemas de dar a volta à situação. E o Paulo Fonseca depende de como a equipa atuar. Se o FC Porto perder, mas mostrar que é uma grande equipa não acontece nada de certeza absoluta ao Paulo Fonseca. Mas se a equipa do FC Porto jogar cá atrás a medo e perder pode vir a ter consequências. Acho que é um bom jogo para o Paulo Fonseca demonstrar o quanto ele é líder, o quanto ele é chefe para comandar o FC Porto", sentenciou Rodolfo Reis.
O jogo entre Benfica e FC Porto está agendado para domingo no estádio da Luz às 16h00 com arbitragem do portuense Artur Soares Dias.
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