Uma maioria do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) é favorável à apresentação de uma queixa ao Conselho de Disciplina contra o árbitro Pedro Proença, e tenciona formalizá-la em breve, disse hoje à agência Lusa fonte daquele órgão.
O presidente do Conselho de Arbitragem (CA), Vítor Pereira, reuniu-se na terça-feira com os vice-presidentes da secção profissional, Antonino Silva, da secção não profissional, Carlos Carvalho, e da seção de classificações, José Ferreira Nunes, para abordar uma entrevista do árbitro Pedro Proença, e foi decidido, segundo a mesma fonte, que se avançaria com a queixa para o Conselho de Disciplina (CD).
Este encontro foi precedido de reuniões separadas das três secções do CA, nas quais o tema também foi debatido, mas as opiniões dividiram-se, embora tivesse prevalecido o número das que concordam com um procedimento disciplinar contra Pedro Proença pelo conteúdo da entrevista ao jornal Record, em que critica a gestão de Vítor Pereira.
Nessa maioria há os que fundamentam a decisão de formalizar a queixa com base na violação de uma norma regulamentar, visto que Pedro Proença não terá solicitado, como estipula o regulamento, autorização para conceder a entrevista, há os que consideram que o procedimento disciplinar se justifica pela matéria contida na entrevista e há ainda os que entendem que se deve avançar pelos dois motivos.
A mesma fonte negou que Vítor Pereira esteja a travar a formalização da queixa ao CD e revelou que, dos cinco elementos que compõem a seção profissional, presidida por aquele, apenas um se manifestou contra a apresentação da queixa.
A apresentação da queixa no CD poderá avançar no início de dezembro, quando se realizar a reunião mensal do Conselho de Arbitragem, depois de ratificada por este órgão colegial.
Mesmo que venha a ser formalizada, a queixa não poderá comprometer a participação de Pedro Proença no Mundial de Clubes, que se vai realizar entre 10 e 20 de dezembro, em Marrocos, para o qual está nomeado pela FIFA, após o qual o árbitro lisboeta admitiu terminar a carreira.
Na entrevista concedida ao jornal Record, a 08 de novembro, Pedro Proença falou em “caos instalado” na arbitragem, fez críticas ao CA, qualificado como “um corpo dirigente absolutamente amador, incompatível com tanto dinheiro e tantos recursos que a arbitragem nunca teve”, cujos elementos considerou “suficientemente inteligentes” para perceberem que chegaram “ao fim da linha”.
Além de críticas concretas ao modelo de gestão, que considera esgotado, Pedro Proença mostrou disponibilidade para assumir futuramente um cargo como vice-presidente da FPF para a área arbitragem, chegando mesmo a considerar o atual presidente da Associação Portuguesa de árbitros (APAF), José Gomes, como uma boa opção como presidente do Conselho de Arbitragem da FPF.
Não é a primeira vez que o CA presidido por Vítor Pereira apresenta uma participação disciplinar contra Pedro Proença. Aconteceu em novembro de 2012, por declarações públicas do árbitro lisboeta, nas quais criticava a atuação dos observadores, mas a Comissão de Instrução e Inquéritos (CII) da Liga Portuguesa de Futebol Profissional acabou por arquivar o processo.
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