Hermínio Loureiro disse na Assembleia da República, na segunda audição no âmbito da petição de Rui Santos sobre a adopção de novas tecnologias no futebol, que espera que "prevaleça em todas as circunstâncias a verdade desportiva", lamentando que actualmente "se suspeita de tudo e de todos".
"O futebol é muitas vezes utilizado nestas matérias de suspeição. Fala-se muito de suspeição e até de corrupção, mas a grande corrupção existe noutras áreas e é preocupante para o país. Mas julgo que têm vindo a ser dados passos importantes e significativos para afastar definitivamente o clima de suspeição no futebol", disse perante os deputados da comissão parlamentar.
O dirigente, um dos 7500 subscritores da petição, disse que não existe "ninguém que não goste de desporto que aceite a verdade desportiva" e sublinhou que as novas tecnologias podem dar um contributo, acentuando que é uma inevitabilidade.
"Eu sou favorável à introdução de meios tecnológicos, não que obriguem à paragem dos jogos, mas que ajudem os árbitros a decidirem melhor e bem, sem erros e sem falhas", declarou, considerando que, para que tal aconteça, "é preciso ter muita persistência para apresentar propostas nos locais próprios e paciência para convencer as pessoas" que decidem.
Aludindo às experiências com um "chip" na bola e com o "Olho de Falcão" como meios auxiliares, Loureiro ressalvou que "a introdução de meios tecnológicos foi fundamental para o crescimento de outras modalidades" e lembrou que, nos campeonatos de índole profissional, "já se utilizam os intercomunicadores nos árbitros".
Hermínio Loureiro disse que a Liga tem apresentado propostas no seio da EPFL, o organismo que integra as ligas europeias, que tem vindo "a discutir estas matérias com profundidade, para sensibilizar as instâncias que decidem".
No entanto, o presidente da Liga, que, além da recomendação da Assembleia da República sobre as novas tecnologias, sugeriu o recurso à Comissão Europeia, alertou para a necessidade de "não robotizar o futebol", tecendo críticas aos comentários que se tecem às arbitragens, opinando que a ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social) devia ser mais interventora.
"Temos de perceber que, muitas vezes, as análises que são feitas das prestações dos árbitros são feitas após milhares de repetições e depois de filmagens efectuadas por mais de 20 câmaras, nos mais diferentes planos. O árbitro, quando decide, tem dois olhos e uma fracção de segundos para decidir. Esta humanização é fundamental", disse, preconizando aumentar-se "o índice de preparação" dos árbitros.
O objectivo, assinalou, é dar "mais e melhores condições de preparação técnica, desportiva e psicológica para que, quando chamados a decidir, os árbitros possam decidir bem, o melhor possível".
No âmbito da petição sobre a introdução de novas tecnologias no futebol, a Comissão Parlamentar da Educação e Ciência tem programado a próxima reunião para 24 de Fevereiro, com as audições do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol e da Associação Nacional de Treinadores de Futebol.
No dia seguinte, a comissão ouvirá a Federação Portuguesa de Futebol, a Comissão de Arbitragem da LPFP e a da APAF (Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol).
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