O treinador de futebol José Peseiro sublinhou que «o espaço conquistado pelos treinadores portugueses no estrangeiro foi conseguido sem lobbys».
«Há um lobby que nós não temos, que o Brasil por exemplo tem, e que faz com que qualquer treinador, com muito menos capacidade do que nós [treinadores portugueses] tenha um mercado de trabalho mais alargado. Aquilo que Manuel José, por exemplo, fez em África, foi um espaço conseguido sem lobbys. Quando o tivermos [o lobby] não sei se haverá treinadores suficientes», comentou José Peseiro durante o Fórum do Treinador, que decorre no Porto, durante a realização do painel “O Treinador Português é dos melhores do Mundo?”
Peseiro sente que falta ‘vender’, quer para dentro do país, quer para fora, o trabalho do técnico português.
«Não beneficiamos [do lobby] para entrar. O que sentimos é que há países que têm lá os treinadores, não tanto pelo seu trabalho, mas muito pelo trabalho realizado pelos agentes. Não digo que não sejamos reconhecidos. O que digo é quem está fora vai perdendo o lugar. Há uma escolha. Quando partimos para fora, não podemos estar à espera que seja reconhecido cá dentro. É difícil que o nosso media ‘venda’ aqui. E a imprensa não tem força para vender o nosso trabalho fora», reforçou.
José Peseiro, cujo último desafio foi na seleção da Arábia Saudita, sente que o português está «direcionado para essa atividade», mas que impor o técnico luso lá fora, sozinhos, não é tarefa fácil. «Como nos podemos impor lá fora, se o próprio país não tem força para se impor na União Europeia», rematou de forma irónica.
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