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Joaquim Evangelista voltou a denunciar os riscos desta situação para a promoção do jogador português.
Os futebolistas estrangeiros utilizados na primeira volta da I Liga ascenderam a 58 por cento do total, segundo um estudo divulgado hoje pelo Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), que exige um «esforço» para inverter esta tendência.
De acordo com o estudo, dos 223 jogadores utilizados 130 eram estrangeiros, o que corresponde a 58 por cento do total, em contraponto com os 93 portugueses que alinharam na primeira metade do campeonato da época 2012/13, correspondente a 42 por cento.
A percentagem de jogadores estrangeiros até decresceu um por cento em relação ao mesmo período da temporada passada, mas o presidente do SJPF, Joaquim Evangelista, pretende uma redução mais significativa, assinalando que «compete à federação, Governo, liga e clubes fazer esse esforço».
«Infelizmente nos últimos anos esta é a situação e não tem sido invertida. É necessário proteger o jovem jogador português e, consequentemente, as seleções nacionais, mas, para isso, é necessário fazer um trabalho de base e olhar para estes dados», advertiu Joaquim Evangelista.
O Benfica é o clube com maior número de jogadores utilizados, num total de 12, e também o que fez alinhar menos futebolistas portugueses – apenas dois -, seguido do FC Porto e do Sporting, ambos com uma relação de 11 estrangeiros para três portugueses utilizados.
O Vitória de Setúbal, penúltimo classificado, é o clube mais português (nove futebolistas lusos e cinco estrangeiros) e uma das quatro equipas que alinharam com mais jogadores portugueses do que estrangeiros, em conjunto com o Beira-Mar, Paços de Ferreira e Olhanense.
Humberto Coelho, vice-presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), disse que o aumento do número de estrangeiros nos campeonatos nacionais «é uma grande preocupação» do organismo federativo, mas observou que o fenómeno não é exclusivo de Portugal.
Na II Liga a situação inverte-se, com os jogadores portugueses a ascenderem a 70 do total, mais cinco por cento em relação à época anterior, cabendo ao Freamunde o estatuto de equipa mais portuguesa, com apenas um estrangeiro utilizado.
No polo oposto está o União da Madeira e as equipas B do Marítimo e FC Porto, com o mesmo número de jogadores portugueses e estrangeiros utilizados durante a primeira volta, o que motivou o alerta de Joaquim Evangelista.
«Aquilo que constamos é que as equipas B são as que utilizam menos jogadores portugueses, ao contrário do que se supunha e isso exige reflexão por parte de treinadores e dirigentes», advertiu o presidente do SJPF.
Joaquim Evangelista voltou a criticar as recentes declarações do presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, Mário Figueiredo, qualificando de «farsa» o controlo financeiro feito aos clubes profissionais em dezembro de 2012, que não detetou qualquer situação de incumprimento.
«Não vale a pena estarmos a criar ilusões. O futebol português vive momentos dramáticos e pode haver uma hecatombe. Espero que não seja ainda esta semana que surjam surpresas negativas. Os jogadores começam a ter enormes dificuldades e não me surpreenderia se começarem a haver posições públicas sobre esta matéria», disse o dirigente sindical.
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