Amorfo e com reação tardia, foi assim o FC Porto de Anselmi, que consentiu o domínio do rival Benfica, mas pior do que tudo, averbou goleada histórica e dolorosa em casa, por 4-1, em partida a contar para a 28.ª jornada da Primeira Liga. Hat-trick de Pavlidis e golo de Otamendi deram cor aos números do triunfo encarnado. Samu marcou para os portistas.

A posse, para que serve a posse de bola? À luz dos princípios do desporto rei, num jogo de futebol, cada uma das equipas tenta ter a posse do esférico com o objetivo de a colocar dentro da baliza, e assim vencer o jogo. No final da primeira parte, o FC Porto contava com 63% de posse de bola, mas era o Benfica que ia para o intervalo a vencer por 2-0, tendo tido outras oportunidades para dilatar a vantagem. Que o digam os postes da baliza de Diogo Costa que foram bastantes fustigados.

Era, à partida, um duelo no Dragão, habitualmente 'terreno maldito' para as águias, diverso dos últimos anos. Uma equipa portista claramente mais enfraquecida em relação aos últimos anos, e sem armas, frente a um Benfica reforçado, e que tem revelado muita consistência nas últimas partidas. Tem também, quiçá, o plantel mais profundo e com maiores soluções da nossa liga.

No último embate, frente ao Estoril, o FC Porto revelou maior consistência ao nível de processos, e daí talvez Anselmi ter mantido o mesmo alinhamento, um cenário que se fazia antever. Já Lage via-se obrigado a mexer, face à lesão de Renato Sanches. Juntava-se Florentino a Kokçu no miolo. Tomás Araújo, recuperado de lesão, era titular no lado direito da defesa, por troca com Dahl.

Benfica 'calou' o Dragão logo no primeiro minuto

Não podia ter começado da melhor forma a equipa de Bruno Lage. Logo no primeiro minuto, e no golo mais rápido das águias em clássicos no Dragão, Pavlidis colocou as águias em vantagem logo no primeiro minuto. Cruzamento com conta, peso, e medida de Akturkoglu e o dianteiro de primeira abriu as contas e 'calou' o Dragão.

À eficácia do Benfica, o FC Porto tentou expressar a resposta no relvado. E era Mora, quase sempre o caminho, para o conjunto da casa tentar ameaçar a baliza de Trubin e causar desiquilíbrios. Demasiado escasso para uma equipa que se quer candidata ao título. Do outro lado, eram as águias que conseguiam diferenciar-se, no momento do desequilíbrio. Sem obsessão pela bola, os encarnados colocavam, quase sempre a baliza de Diogo Costa em sobressalto, sempre que chegavam à frente. Ao minuto 19, Di María marcou o livre e Florentino cabeceou para grande defesa do guardião portista. Na recarga, Tomás Araújo atirou ao ferro, mas encontrava-se em posição irregular.

Os portistas ensaiavam a resposta, contudo, sem engenho para chegarem ao último terço de forma simplificada. A minuto 25, Fábio Vieira conduziu o esférico, deixou à esquerda para Pepê, mas o serviço para Samu saiu demasiado puxado para a finalização.

Do outro lado, Diogo Costa tinha um aliado importante: os postes da baliza. À meia hora, o perigo letal voltou a rondar a baliza dos azuis e brancos. Akturkoglu tirou um coelho da cartola, deixou para trás Eustáquio, que disparou cruzado ao ferro, num tento que seria de antologia. Poucos minutos volvidos, ao minuto 39, foi novamente o dianteiro grego a ter pontaria a mais, aos ferros. A jogada passa por Akturkoglu, Kokçu, e termina na finalização do dianteiro grego. O segundo tento iria mesmo de surgir, e ao minuto 43. Na sequência de uma bola parada, Vangelis Pavlidis ganhou nas alturas e cabeceou para o fundo da baliza.

E assim se esfumavam os primeiros 45 minutos do encontro. O FC Porto dominava ao nível da posse de bola, mas era o Benfica que aproveitava os momentos para marcar a diferença na definição.

Benfica letal, com o FC Porto a acordar tarde

No segundo tempo, o Benfica, para além da vantagem no marcador, chamou para si também o controlo do esférico.

Os encarnados explanavam a sua construção de forma muito mais esclarecida do que o adversário e Aursnes aparecia como referência na forma como ajudava a equipa a fluir no terreno. Os encarnados estiveram próximos do 3-0, primeiro num canto direito, negado por Diogo Costa, outra vez a assumir o papel de 'bombeiro'. O argentino voltou a ser protagonista, respondendo da melhor forma a uma grande iniciativa de Carreras, mas o remate saiu a rasar a baliza.

'Tanto cheirou' o golo, que o terceiro das águias acabou mesmo por aparecer, e novamente por Pavlidis. Cruzamento excecional de Di María, e o dianteiro no coração da área, só teve que encostar para o hat-trick. Era praticamente o xeque-mate no clássico, tento que levou à debandada de público no Dragão.

O FC Porto de Anselmi ainda esboçou a reação, e reduziu à passagem do minuto 82. Lance individual de Gonçalo Borges, Fábio Veira remata à figura de Trubin e na recarga Samu reduziu.

Os dragões ganhavam finalmente capacidade para criar perigo, só que foi o Benfica, já no período de compensação, quem selou a goleada, com um tento de Otamendi. O cruzamento é de Kokçu, e o remate do argentino ainda desviou no guardião dos dragões.

O Benfica lidera a I Liga com 68 pontos, mais três do que o Sporting, que apenas joga na segunda-feira, na receção ao SC Braga, que é quarto com 56, os mesmos do FC Porto, terceiro, e que sofreu a primeira derrota do campeonato na sua casa.