O presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), Fernando Gomes, considerou hoje que a sustentabilidade dos clubes portugueses está mais relacionada com a capacidade que têm em gerar receitas do que com os elevados passivos.
«A sustentabilidade não tem a ver com o passivo. Tudo se centra na capacidade de gerarem proveitos e mais-valias para solver a dívida», afirmou Fernando Gomes, no final do I Congresso Internacional do Futebol Profissional (Football Talks).
Fernando Gomes fez um balanço «extremamente positivo» do encontro – organizado pela LPFP -, no qual foram debatidas questões como a sustentabilidade financeira, a formação, a procura de mercados, direitos televisivos, e ‘fair-play’ financeiro.
«Estas discussões tornam-nos mais fortes para tomar decisões, para que o futebol português seja cada vez mais forte e sustentável», afirmou o também candidato à presidência da Federação Portuguesa de Futebol (FPF).
Na sessão de encerramento, o ainda líder da FPF, Gilberto Madaíl, defendeu a necessidade de as conclusões do encontro de três dias serem dadas a conhecer aos organismos que gerem a modalidade.
«É importante que a liga leve as conclusões do congresso aos organismos que dirigem o futebol e que faça chegar à FIFA e à UEFA aquilo que é o pensamento das pessoas que estão nesta sala. É bom que eles saibam que não são só eles que refletem», disse.
Nas intervenções do último dia do congresso, que decorreu em Cascais, o presidente da Liga espanhola explicou os esforços que o organismo está a realizar «há mais de um ano para o controlo financeiro dos clubes», defendendo «a necessidade de coordenar as licenças» nacional e internacional.
José Luis Astiazáran mostrou-se também favorável a uma adaptabilidade do mercado dos patrocínios, que tem sido afetado pela crise internacional, nomeadamente «através da possibilidade de um retorno fiscal».
Realçou ainda a aposta da Liga - gere duas competições com um total de 40 clubes - na formação, que, considerou, «tem sido a chave dos sucessos da seleção espanhola».
O líder da Liga lembrou, a propósito, a importância e visibilidade da principal competição espanhola, afirmando: «Noventa e oito por cento dos jogadores que foram campeões do mundo (no Mundial2010), jogam em clubes espanhóis».
Frank Rutten, diretor-geral da Liga holandesa de futebol, explicou o funcionamento das competições nacionais, cujas transmissões televisivas são geridas pelo organismo que representa.
“Foi um modelo estabelecido em 2008. No primeiro ano tivemos 350.000 subscritores (de transmissões televisivas), no ano passado 565.000 e este ano temos 600.000”, disse.
De acordo com Frank Rutten, a liga criou «um modelo em que 50 por cento das receitas são distribuídas com base na classificação de três anos, e o restante de acordo com o valor económico do clube (baseado numa matriz)».
Num último painel, o antigo internacional português Luís Figo esteve à conversa com o jornalista Carlos Magno, abordando temas tão diversos como a atual crise europeia, e a sua polémica transferência do FC Barcelona para o Real Madrid.
O secretário de Estado do Desporto e Juventude, Alexandre Mestre, encerrou os trabalhos, lançando o repto para a discussão profunda do profissionalismo em Portugal.
Para o governante, «é importante decidir-se o que é ou não profissional, porque há evidentes efeitos práticos na distinção».
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