A sociedade espanhola Ithaka Infra III adquiriu 30% da Porto Stadco SA, que ficará responsável pela exploração comercial do Estádio do Dragão, no Porto, após a cisão da Porto Comercial, comunicou hoje o FC Porto, da I Liga de futebol.

Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a SAD liderada por André Villas-Boas informou ter assinado uma adenda ao contrato celebrado pela anterior administração, então comandada por Pinto da Costa, com a Ithaka em abril.

O vínculo continua a ser válido por 25 anos e incide em “receitas e custos de exploração” associados à bilhética, ao ‘corporate hospitality’ e aos direitos de designação do Estádio do Dragão, bem como a outros contratos de sponsorização que decorram desse recinto e das visitas recebidas, do museu do clube ou da organização de eventos não desportivos.

“De acordo com a adenda hoje assinada, a Ithaka adquirirá 30% dos direitos económicos (‘cash flow’ disponível para distribuição após impostos) da Porto Stadco ao FC Porto, por um montante total que poderá atingir os 100 milhões de euros (ME) - até 54% acima do acordado no contrato de investimento e parassocial original assinado em abril”, sinalizou.

Os ‘azuis e brancos’ receberão 50 ME quando a transação estiver oficialmente concluída, “previsivelmente durante outubro”, num evolução de 10 ME face ao vínculo anterior, e 15 ME em junho de 2026, estando previsto também o ‘encaixe’ de dois valores condicionais.

A obtenção de “determinadas métricas” de EBITDA da bilhética, em 2025/26, e da Porto Stadco, em 2026/27, poderá gerar 15 e 20 ME em julho de 2026 e 2027, respetivamente.

Com a adenda assinada, o FC Porto assegurou uma opção de recompra da participação social agora cedida à Ithaka, a ser exercida no final do 10.º e 15.º anos, sendo que, em qualquer dessas alturas, pode recuperar 100% dos direitos económicos da Porto Stadco.

“Ficou também contemplada a possibilidade de o FC Porto poder emitir dívida com base nos 70% dos direitos económicos da Porto Stadco que continuará a deter. Neste sentido, o FC Porto vai constituir uma nova empresa, que deterá como único ativo a totalidade da sua participação social na Porto Stadco, a qual irá procurar realizar uma emissão de obrigações junto de investidores institucionais”, explanou a administração de Villas-Boas.

Além do controlo e a gestão sobre as operações do recinto, apoiados pela ‘expertise’ da Ithaka, os ‘dragões’ preservarão toda a propriedade do mesmo nos 25 anos de parceria.

“Após o decurso desse prazo (ou em momento anterior, caso decida exercer a opção de recompra), o FC Porto recuperará 100% dos direitos económicos do estádio”, finalizou a SAD, sobre um dos negócios estruturantes mais recentes ‘herdados’ da anterior gestão.

Em 18 de abril, nove dias antes da vitória eleitoral de André Villas-Boas perante Pinto da Costa, líder há 42 anos e 15 mandatos, no sufrágio mais concorrido de sempre do clube, os ‘azuis e brancos’ tinham comunicado a celebração de um acordo estimado em 65 ME com a Ithaka para elevar a “utilização e rentabilidade económica” do Estádio do Dragão.