O treinador do Benfica, Jorge Jesus, confessou-se hoje “impotente” para contrariar os efeitos do novo coronavírus na equipa de futebol, mas prometeu “ir à luta” e que, após a “tempestade”, o grupo vai ficar “muito forte”.
Numa conferência de imprensa onde apenas esteve presente o canal do clube, no Seixal, que colocou todas as perguntas enviadas pelos restantes órgãos de comunicação social, o técnico admitiu ainda que “torna-se difícil” fazer uma equipa com um surto que já atinge 10 jogadores e que transforma “todos os dias numa incerteza”.
“Num dia podes pensar num onze e no outro ficar sem três jogadores. Uma coisa é teres um problema de covid-19 com um ou dois jogadores, outra coisa é com 10 ou 11. Nenhum treinador está habituado, é impotente. Eu sou impotente, não tenho força para reverter seja o que for. Tem de ser com os jogadores que estão em condições e é com esses que vou para a luta. [Com] os outros não posso fazer nada”, desabafou o técnico dos encarnados.
Jesus, de resto, frisou mais do que uma vez que tem de “ir à luta” com os jogadores que tem à disposição e lembrou, por outro lado, que não lhe compete tentar adiar os próximos compromissos do Benfica.
“Em 30 anos” como treinador, “nunca tinha acontecido” algo assim, mas o técnico concordou que o Benfica “é a equipa que vai criar a imunidade de grupo mais rápido” e que, depois disso, vai ficar “muito forte”.
“Temos de nos adaptar à realidade e a realidade é esta, fazermos das fraquezas forças, tentarmos ter capacidade de ultrapassar esta tempestade. Se o Benfica a ultrapassar, vai ser difícil de segurar no futuro. Mas esta tempestade não tem só um jogo, tem três ou quatro”, advertiu.
O treinador, único elemento da equipa técnica que testou negativo à covid-19, tem estado a preparar a receção ao Nacional, na segunda-feira, com a ajuda de técnicos da equipa B.
Na formação secundária, de resto, tem jogado o único guarda-redes do plantel principal que o técnico tem disponível para segunda-feira, depois de ficar hoje a saber que também não pode contar com Vlachodimos, além de Everton.
“Já tive a oportunidade de dizer que os dois guarda-redes que têm jogado mais [Vlachodimos e Helton Leite] são excelentes, mas temos andado a preparar o Mile [Mile Svilar], que tem andado a jogar na equipa B e é um jogador com muita qualidade. Tenho a certezinha absoluta que não é por causa dele que as coisas nos vão correr mal. Temos máxima confiança nele e vai demonstrar todo o seu valor”, afiançou Jorge Jesus.
A equipa de Jorge Jesus recebe o Nacional na segunda-feira, às 17:00, numa partida da 15.ª jornada da I Liga de futebol, em que o técnico não poderá contar com 10 jogadores infetados com o novo coronavírus.
Desde o início da temporada, o Benfica já teve 21 jogadores infetados.
Aos 10 atletas atualmente infetados - Otamendi, Nuno Tavares, Vertonghen, Diogo Gonçalves, Grimaldo, Gilberto, Waldschmidt, Helton Leite, Vlachodimos e Everton - juntam-se Svilar, Darwin, Weigl, Taarabt, Pizzi, Jardel, João Ferreira, Seferovic, Gonçalo Ramos, Cervi e Gabriel, além do caso de Pedrinho, que chegou a estar em isolamento após um resultado inconclusivo, em agosto.
Ainda assim, o treinador espera que a equipa consiga “manter um ritmo alto e competitivo” para “corresponder às dificuldades que o Nacional possa colocar” e apresentar, também, “soluções para criar situações de finalização e de golo” através da “qualidade coletiva da equipa e individual dos avançados”.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.121.070 mortos resultantes de mais de 98,6 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 10.469 pessoas dos 636.190 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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