O treinador de futebol José Couceiro lançou hoje duras críticas à direção do Estoril-Praia, assumindo que saiu magoado e desiludido com pessoas que “funcionam de forma egoísta, porque só pensam nelas”.
“Para mim foi uma surpresa, foi uma desilusão, porque quando entro neste tipo de projetos é com tudo, é a ser solidário com as pessoas”, começou por dizer o técnico, que foi afastado do comando da equipa na 23.ª jornada da I Liga.
Questionado sobre se saiu magoado, Couceiro confirmou: “Quando se sai e sai desta forma, em que as pessoas funcionam de forma egoísta, porque só pensam nelas”.
“Aqui, acima de tudo, têm de estar os interesses de uma equipa e de um clube. Aliás, também fui apanhado desprevenido, porque três dias depois de eu sair, a sociedade, pelo que se sabe, foi vendida. Houve aqui um conjunto de situações que, para ser simpático, foram pouco felizes”, disse o treinador.
De visita ao Estoril Open em ténis, o treinador português analisou a sua prestação à frente do clube que ocupa a 12.ª posição do campeonato e deixou duras críticas à direção do Estoril-Praia.
“Obviamente que havia condições [para continuar]. A gestão que se tem de fazer de uma equipa é coletiva. Não nos podemos assustar quando as contestações não são só ao treinador. Quando a contestação é só ao treinador, parece que está tudo bem. Quando se vira para cima, quando na bancada as pessoas dão uma ‘voltinha’ de 90 graus [virando-se para os camarotes] já está tudo estragado”, destacou.
O antigo candidato à presidência do Sporting defendeu que é preciso “ter bom senso e equilíbrio emocional para perceber quais são os objetivos” e lembrou que o Estoril-Praia vive “um dos melhores, para não dizer o melhor, momentos da sua história”.
“[A equipa] Sabe que vai perder jogadores constantemente e reformular equipas. E era isso que se estava a fazer”, indicou, frisando que, a partir do momento em que deixou o banco, a equipa deixou de alinhar com jogadores jovens.
Couceiro acredita que não é possível os jogadores crescerem sem jogar e, interpelando diretamente os jornalistas, comparou ambas as profissões.
“As pessoas só crescem se tiverem a oportunidade de jogar, como vocês como jornalistas so crescem se tiverem oportunidade de trabalhar. Se só tiverem a oportunidade de estudar, ler, garantidamente não crescem. O jogador de futebol é exatamente o mesmo. É preciso passar por momentos melhores, momentos piores, mas quando a equipa cresce é nos momentos de adversidade”, explicou.
Dando o exemplo do Nacional, que encontrou as suas debilidades, mantendo o treinador, e agora está a colher frutos, o técnico revelou que aquilo que lhe foi pedido quando assumiu o banco do Estoril-Praia foi que formasse uma nova equipa, com novos jogadores, capaz de se manter na I Liga.
“O maior receio seria a Liga Europa pela diferença de potencial em relação às equipas que íamos defrontar, com orçamentos muito diferentes. Esse momento passou, passou bem. Podia ter passado melhor, mas podia ter passado muito pior. Marcou claramente a história do Estoril”, disse ainda na sua visita ao Clube de Ténis do Estoril.
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