A edição 2023/23 da Primeira Liga de futebol poderá não ter representantes das ilhas. O Santa Clara dos Açores e o Marítimo da Madeira correm sérios riscos de cair para a Segunda Liga. Os açorianos são os últimos da tabela com 15 pontos, os madeirenses tem mais um ponto e ocupam o 16.º lugar, que dá acesso ao play-off de manutenção com o 3.º colocado da II Liga.
Os dois emblemas insulares estão a fazer uma época atípica, principalmente o Marítimo que está na Primeira Liga, de forma ininterrupta, desde 1985/86. Ou seja, desde essa época, há pelo menos uma equipa insular no principal campeonato português de futebol.
Marítimo com calendário mais fácil
O Marítimo recebe o Boavista nesta ronda, na primeira das nove finais que tem para tentar salvar-se da descida de divisão. Os comandados de José Gomes vêm de três derrotas seguidas (0-2 com Casa Pia, 0-3 com Benfica e 0-2 com Gil Vicente) e nos últimos dez jogos na prova, venceram dois e perderam oito.
A formação madeirense soma 16 pontos, frutos de quatro vitórias (Paços de Ferreira, Sporting, Estoril e Santa Clara), quatro empates e 17 derrotas. A equipa tem a defesa mais batida - 47 golos sofridos - e o ataque menos concretizador, a par do Santa Clara, com apenas 17 golos marcados.
Até ao final, José Gomes (entrou a meio da época para o lugar de João Henriques) terá de recuperar a equipa animicamente e arranjar estratégia aspara somar os pontos necessários à manutenção dos insulares no convívio dos grandes.
O Marítimo terá um importante embate com o Paços de Ferreira, outro dos candidatos a descida, na 28.ª jornada, em casa. Na Madeira, os leões da Almirante Reis recebem, além do Boavista e do Santa Clara, o Vitória Sport Clube, o Rio Ave o Vizela, emblemas estáveis no meio da tabela e que ainda olham para a Europa.
Fora de casa, os madeirenses também enfrentam quatro adversários complicados: Estoril, que ainda luta pela manutenção, Sporting, Famalicão e Arouca.
Se o Marítimo cair, a Madeira deixa de ter equipas na Primeira Liga na próxima época. Isto porque o Nacional, que está na Segunda Liga, está a lutar para não descer à Liga 3.
O arquipélago da Madeira já chegou a ter três equipas na Primeira Liga em três ocasiões, a última das quais em 2015/2016, reeditando o ocorrido em 1989/90 e 1990/91 (Marítimo, Nacional e União da Madeira).
O Marítimo procura a 39.ª época seguida na I Liga.
Santa Clara precisa de um milagre
É preciso recuar até 14 de novembro do ano passado para encontrar a última vitória do Santa Clara. Foi diante do Estoril, por 3-1, na 13.ª jornada. A equipa vai numa sequência de seis derrotas seguidas e o próximo jogo, diante do Sporting em Alvalade, será mais uma barreira para voltar aos pontos.
Com apenas três triunfos em 25 partidas (venceu ainda o Vizela e o Marítimo), o Santa Clara só pontuou em dois dos últimos dez jogos.
Nem a saída do técnico Mário Silva fez efeito nos açorianos: o treinador foi despedido do dia 06 de janeiro devido aos maus resultados, Jorge Simão foi anunciado no seu lugar no dia 11 mas, a 26 de fevereiro, era afastado. Esteve apenas um mês e meio no comando.
O adjunto Danildo Accioly voltou a assumir a liderança da equipa até que chegue um salvador, o treinador que tirará o emblema dos Açores de uma descida quase certa.
É que o calendário do Santa Clara é tudo menos fácil. A equipa vai a casa dos dos quatro primeiros - Benfica, FC Porto, SC Braga e Sporting - e fora de portas ainda joga com o Estoril. Em casa terá hipóteses de somar pontos nas receções ao Vizela, GD Chaves, Gil Vicente e Portimonense.
O Santa Clara voltou à Primeira Liga em 2018/2019 após 15 anos de ausência.
A formação de Ponta Delgada conta quatro presenças na I Liga, a última das quais em 2002/03, após ter obtido a sua melhor classificação entre os ‘grandes’, com o 14.º lugar em 2001/02. A estreia do emblema dos Açores no principal escalão ocorreu em 1999/2000, quando terminou o campeonato na 18.ª e última posição.
Desde que voltou ao principal escalão do futebol nacional, o Santa Clara tem conseguido ficar sempre entre os 10 primeiros classificados: 10º. em 2018/19, nono em 2019/20, sexto em 2020/21 e sétimo em 2021/22.
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