Nos últimos dias, o Sporting sofreu um autêntico rombo na sua estrutura, ficando na iminência de perder dois dos seus nomes mais importantes e responsáveis pelo sucesso recente do cube: Rúben Amorim deixa Alvalade para assumir o desafio do Manchester United daqui a menos de duas semanas, enquanto Hugo Viana será, a partir da próxima época, o responsável pelo futebol do Manchester City.

A saída do treinador será, naturalmente, a que terá maior impacto no curto prazo, uma vez que a direção de Frederico Varandas precisa de garantir a sua sucessão no imediato (parece que João Pereira é o escolhido). Tendo em consideração o futuro do Sporting, contudo, a pergunta que faço é: será que os leões vão conseguir dar continuidade à forma assertiva com que têm abordado o mercado de transferências nos últimos anos?

No futebol, fala-se muito das estruturas que compõem os diferentes clubes, avaliando-se as mesmas, entre outros critérios, mediante a capacidade que apresentam de manter os resultados positivos quando sai um treinador que estava a ser bem-sucedido, ou quando perdem os jogadores mais importantes.

No caso do Sporting, porém, há que ter em conta que não será apenas Amorim a abandonar o barco: Viana, o homem forte do futebol leonino, também está de saída. As pessoas que os substituírem terão as suas próprias ideias e formas de trabalhar, e é importante que as implementem quando assumirem as novas funções. Há, no entanto, que garantir que o projeto que Varandas tanto apregoa tem pernas para andar. Mesmo sem Amorim e Viana.

A forma como o Sporting contratou desde a chegada de Amorim foi-se alterando ao longo dos anos. Nas duas primeiras temporadas, o clube reforçou o plantel, sobretudo, com jogadores portugueses ou que já atuavam em Portugal, mudando o foco, principalmente, desde o verão de 2023, quando começou a explorar outros mercados, acompanhando também a tendência do mercado de transferências, onde os valores praticados são cada vez mais altos.

Não sei qual será o caminho escolhido pela nova estrutura do Sporting, e convém assinalar que não existe uma fórmula estabelecida para o sucesso; há quem defenda que se deve apostar mais no futebol nacional, e quem, por outro lado, prefira contratar jogadores por 15, 20 ou mais milhões de euros noutros países, como aconteceu com o Sporting nos últimos dois mercados de verão. Existem argumentos, e até exemplos concretos, para defender as duas vertentes.

Certo, por agora, é que nem Amorim nem Viana serão responsáveis pelo planeamento da próxima temporada do Sporting; esse será o papel do novo treinador e do novo diretor desportivo do clube. Na minha ótica, o clube deve apostar na continuidade do projeto que tem dado frutos nos últimos anos, isso é ponto assente.

Resta saber, contudo, se as novas caras que vão dar forma ao departamento de futebol do Sporting serão capazes de ter a mesma taxa de acerto na hora de contratar jogadores, mantendo a máquina a carburar com a mesma assertividade que marcou, de uma forma geral, a passagem de Amorim e Viana por Alvalade.

O cartão de visita da direção do Sporting não é, analisando as contratações realizadas no período pré-Amorim, o mais animador, diga-se, mas também é verdade que a realidade do clube está longe de ser a mesma. O mercado de verão de 2025 poderá dizer-nos muito sobre aquilo que será o Sporting nos próximos anos.