O presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), Mário Figueiredo, afirmou a intenção de levar “até às últimas consequências” a investigação de “jogos combinados” na II Liga, hoje denunciados pela Federbet, organização de casas de apostas europeias.
No relatório sobre a época 2013/14 constam os Oliveirense-Benfica B (1-2), Trofense-Oliveirense (3-0) e Portimonense-Oliveirense (1-0), sobre os quais a Federnet considera terem sido “viciados”, sem qualquer sombra de dúvida.
“A Liga vai fazer tudo e reencaminhar para todas as autoridades judiciárias e desportivas para levar até às últimas consequências da lei. Os regulamentos da Liga já preveem sanções muito graves aos agentes desportivos para os agentes desportivos que estejam envolvidos nesta situação e nós vamos levar isto até às últimas instâncias”, sublinhou Mário Figueiredo, em declarações à agência Lusa.
O presidente do organismo revelou que vai reencaminhar a informação constante no relatório, que foi hoje apresentado no Parlamento Europeu, para a Procuradoria-Geral da República, para o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol, para a Comissão de Instrução e Inquéritos da LPFP, para o Ministério Público, para a Policia Judiciária, para o secretário de Estado do Desporto e Juventude e para o ministro da Presidência.
“Uns para reprimir e punir aqueles que tenham sido os autores desta situação e os outros para que rapidamente implementam a regulamentação das apostas online, com o mercado aberto, concorrencial, e que haja em Portugal uma entidade que monitorize, regule o jogo e acompanhe estas situações e atue preventivamente. Nós, na situação em que estamos com a ilicitude das apostas online em Portugal, somos terrenos férteis para este tipo de situações. Eu tinha chamado a atenção para isto, ao longo destes últimos dois anos e meio, e vem agora um estudo dizer que houve resultados combinados em jogos específicos. Então, investigue-se até às últimas consequências”, frisou.
Mário Figueiredo disse acreditar “na honorabilidade dos dirigentes do futebol profissional”, reconhecendo que “há probabilidade de um guarda-redes, um defesa central ou um árbitro, alguém estar a ser corrompido", reiterando que “é tão grave existir um resultado combinado na II Liga como na I Liga”, por colocar “em causa a integridade das competições e o mérito desportivo”.
“Urge o Governo regulamentar a matéria das apostas online. O facto de existirem apostas online feitas em mercado paralelo, ou seja, ilegais, é campo fértil para a criminalidade associada às atividades ilegais”, rematou Mário Figueiredo.
O dirigente recordou que “não foi o facto de tribunais terem decidido proibir publicidade a casa de aposta que faz com que não haja apostas sobre os resultados dos jogos em Portugal”.
“A atividade continua a existir e o que está a acontecer é que o Governo, ao não regulamentar, está a furtar-se a receber os impostos que receberia se tributasse e regulamentasse a atividade e a furtar-se à verificação se existe ou não criminalidade associada às apostas online, nomeadamente resultados combinados”, sublinhou Mário Figueiredo.
O presidente da LPFP culpou a inexistência de regulamentação nas apostas desportivas na Internet em Portugal, considerando que os Governos nacionais têm sido “cúmplices por omissão da possibilidade de existência de resultados combinados em Portugal”.
“O que os Governos têm feito é, mantendo o monopólio da Santa Casa da Misericórdia e fingindo que não existem apostas online, não regulamentar a matéria e ao não o fazer é uma atividade económica que se desenvolve à margem da lei e que é terreno fértil para esta possibilidade. Eu acho esta situação dramática para a perspetiva da credibilidade das competições, é um anátema que se lança sobre o futebol em Portugal, o que não pode ser, e volto a apelar para que o Governo rapidamente regulamente as apostas online”, concluiu.
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