A mesa da assembleia geral (AG) do Sporting da Covilhã vai marcar uma reunião magna, em março, para ser votada a “renovação da deliberação da transformação” da Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas (SDUQ) em Sociedade Anónima Desportiva (SAD).
Segundo o presidente da mesa da AG, foi-lhe transmitido pela direção que, embora na sequência da decisão tomada em 29 de dezembro, a AG da SDUQ do clube tenha aprovado, no dia seguinte, a sua transformação em SAD, essa deliberação não vai ser executada.
“Nenhum ato será tomado com base nesta AG”, transmitiu Jorge Gomes, que informou ter recebido essa garantia do presidente do Sporting da Covilhã, José Mendes, de quem recebeu o pedido para a marcação de uma nova reunião magna, desta vez com a apresentação e votação “ponto por ponto de todo o processo de transformação”.
De acordo com Jorge Gomes, a AG de 29 de dezembro, na qual a criação de uma SAD foi aprovada com 67 votos a favor, seis abstenções e 27 votos contra dos sócios presentes, “já está sem qualquer validade a partir do momento em que a direção do clube diz que, por respeito ao tribunal, entendeu não executar a deliberação”.
Em 06 de janeiro, foi interposta por dois sócios do emblema serrano uma providência cautelar no Tribunal Central Cível de Castelo Branco, com vista a suspender a decisão da criação de uma SAD nos moldes em que a proposta foi votada, invocado que “a deliberação tomada pela AG padece de vício que origina a sua ineficácia e/ou anulabilidade”.
Jorge Gomes acentuou que, com a marcação da nova reunião magna do clube, existe a garantia de que, “independentemente do que resultar da providência cautelar, nenhum ato será validado pela direção do clube com base naquela AG”. “O que nos tranquiliza e nos dá tempo para prepararmos uma nova AG”, acrescentou.
O presidente da mesa realçou ter estado, desde 29 de dezembro, “em constante diálogo com a direção” e que a ordem de trabalhos ontem apresentada pela direção “satisfaz a mesa da AG” e inclui os três pontos considerados imprescindíveis pelo órgão: a anulação de qualquer ato anterior, dar novamente voz aos sócios para que se possam pronunciar sobre a aceitação ou não da criação da SAD e a votação da autorização para que o clube possa vender até 80% do seu capital social.
Estes eram alguns aspetos contestados por vários sócios, que argumentaram não terem votado essa decisão, mas apenas a transformação da SDUQ em SAD.
Jorge Gomes informou que, ao contrário do que aconteceu anteriormente, em que esse pedido não foi aceite, a votação será feita desta vez por voto secreto e poderão participar na votação os sócios com as quotas em dia do próprio mês.
“Esta ordem de trabalhos retira a legitimidade à AG anterior”, reforçou Jorge Gomes, para quem os pontos agendados vão ao encontro das pretensões dos associados preocupados com a forma como o processo decorreu e pede a “mobilização massiva dos sócios” e que a convocatória a divulgar “sirva de estabilização” no emblema serrano.
Jorge Gomes explicou não ter acedido ao pedido de um grupo de 106 sócios para a marcação de uma AG por dois associados o serem há menos de seis meses e seis não terem as quotas em dia, não completando, por isso, as 100 assinaturas necessárias, e assim o requerimento “não respeitar as normas legais e estatutárias”.
José Pinho, vice-presidente da mesa da AG dos ‘leões da serra’, enfatizou estar em causa tomar uma decisão que pode opor a razão empresarial ao amor à camisola e apelou para que a deliberação, “que vai mexer muito com a estrutura do clube”, “favoreça a unidade” e que a discussão não crie divisões nem ponha “uns contra os outros”.
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