“Manifestei-lhe [Carlos Queiroz] a minha indignação e insatisfação com o que estava a acontecer. Sabia que tinha lugar. Não gosto de ficar no banco ou de fora, isso não é para mim, não apenas pelo passado mas pelo valor que sei que ainda tenho. Disse isso na cara da pessoa” confidenciou o médio, agora a jogar no colónia, na Alemanha.
Maniche afirmou também que a Selecção não faz parte dos seus planos, mas sentiu-se impelido, no jogo frente à Hungria, a 9 de Setembro do ano passado, a dizer ao seleccionador que não era “jogador de bancada”.
“Disse-lhe na cara o que senti, que daquela forma o melhor era não me convocar mais. Só para fazer número? Sempre me habituei a fazer parte da selecção e da solução”, frisou.
Em Fevereiro, mostrou indignação campanha lusa rumo ao Mundial da África do Sul, mas esclareceu que se referiu “ao encontro frente ao Brasil” (derrota por 6-2 em jogo particular).
Maniche foi um dos homens de Luiz Felipe Scolari, no Euro 2004 e no Mundial de 2006, mas apesar disso, sabe que não há lugares garantidos e acredita que as mudanças são necessárias.
“As mudanças têm de existir. Isso é normal e as coisas são sempre diferentes. Atenção, não acho que o meu lugar deve estar reservado apenas porque estive bem no Euro-2004 e no Mundial-2006. Nada disso, o passado vive nos museus. Mas agora, nesta campanha, vi convocatórias que não existem, que é para não dizer outra coisa. Mas não vale a pena pensar nisso. De certeza que quem está na selecção merece a confiança do seleccionador. O que interessa é o que sinto e isso foi expresso na cara dele”, relembrou.
No ano em que Portugal recebeu o Europeu, Maniche recordou o golo que marcou frente à Holanda e que garantiu a presença na final da competição.
“Quando se está confiante e as coisas correm bem, até se pode chutar de baliza a baliza. No Euro-2004, contra a Holanda, queria fazer aquele golo [remate cruzado, fora da área]. Mas às vezes sai de uma forma... e fica-se a pensar: "Mas eu fiz mesmo aquilo?" Se calhar foi da bola, aquela bola dava muitas curvas, ainda bem que deu aquela”, lembrou.
Sem mágoas, o jogador do Colónia, que já passou por Benfica, FC Porto, Dínamo de Moscovo, Chelsea e Inter de Milão, sente que construiu “uma vida óptima”, embora saiba que no futebol não se pode dizer tudo aquilo que se pensa.
“ No futebol não se pode expressar sentimentos, não se podes dizer tudo o que se pensa porque depois se acaba prejudicado por alguém. Não se pode dizer que se merece jogar porque o treinador leva a mal. Não se pode dizer que se tem lugar numa selecção porque depois nos acusam de falta de humildade. Ou se guarda o pensamento ou se é politicamente correcto. Mas não me queixo. Apesar de tudo, construí uma vida óptima”, disse.
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