A seleção portuguesa de futebol pode tornar-se a primeira a acabar um Mundial de sub-20 sem qualquer golo sofrido, caso consiga manter a “zero” o Brasil, na final de sábado, em Bogotá, na Colômbia.
Após seis jogos, Portugal, que chegou “incógnito” à competição, apenas ostenta cinco tentos marcados, menos de um por jogo, mas, do outro lado do campo, está irrepreensível: o guarda-redes Mika segue imbatível há 570 minutos.
Com ajuda de um quarteto defensivo impenetrável (Cedric, Nuno Reis, Roderick e Mário Rui ou Luís Martins), muito pelo auxílio solidário de todos os restantes jogadores, especialmente dos “trincos” Danilo e Pelé, a equipa lusa já bateu todos os recordes em termos de inviolabilidade.
O máximo de minutos sem sofrer golos caiu nas meias-finais, no triunfo face à França (2-0), logo aos 13, quando Portugal superou os 493 que o Chile tinha estado sem ser batido, em 2007 (perdeu nas “meias” com a Argentina por 3-0).
A formação das “quinas” tem agora a possibilidade de se tornar a primeira a acabar um Mundial de sub-20 sem sofrer golos, um feito enorme, até porque nas primeiras 10 edições (1977 a 1995) cada equipa só poderia disputar seis jogos, os mesmos que Portugal já cumpriu na Colômbia.
Até agora, apenas quatro seleções acabaram a competição apenas com um tento sofrido, entre elas Portugal, em 1991 (seis jogos). As outras foram Honduras (três jogos, em 1977), Brasil (seis, em 1985) e Burkina Faso (quatro, em 2003).
«É um feito histórico e um objetivo pessoal que tinha. Chegar à final sem sofrer golos é algo muito importante e que me dá ainda mais confiança», disse ao sítio da FIFA o guarda-redes que o Benfica contratou recentemente à União de Leiria.
Mika tem brilhado e sido decisivo, tento ficado na memória, sobretudo, a defesa no desempate por grandes penalidades que manteve Portugal na luta, frente à Argentina, nos “quartos”: foi buscar junto ao ângulo inferior esquerdo uma bola que teria valido o apuramento aos sul-americanos.
Ainda assim, o guarda-redes luso reconhece que o mérito deste “zero” é do coletivo:
«Temos sido eficazes em todos os setores e isso tem sido fundamental para não sofrermos golos. O mérito deste recorde é de todos», frisou.
Se Portugal está na final é por este registo, não pelos escassos cinco tentos marcados: se vencer a final pelos mesmos números de há 20 anos, também face ao Brasil, na Luz (4-2 na “lotarias”, após 0-0 nos 120 minutos), termina como o campeão menos produtivo de sempre.
O recorde negativo em termos de golos de um campeão já é de Portugal, que, em 1989, chegou à final com quatro e acabou com seis, depois de bater a Nigéria por 2-0 (golos de Abel Silva e Jorge Couto), em Riade, na Arábia Saudita.
O campeão mais produtivo foi a versão 2001 da então anfitriã Argentina, com 27 tentos, 11 dos quais apontados pelo atual jogador do Benfica Javier Saviola, que, sozinho, faturou mais do que Portugal em 1989 e 1991 (nove).
Na Colômbia, Nelson Oliveira marcou mais de metade dos tentos lusos (três, dois deles de grande penalidade), tendo os restantes sido apontados pelo lateral esquerdo Mário Rui (1-0 à Guatemala) e o “trinco” Danilo (2-0 à França).
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