E em dois dias apenas, a Taça da Liga viu dois dos principais candidatos à conquista do troféu serem eliminados surpreendentemente. Depois da derrota do FC Porto em Moreira de Cónegos, o Sporting, que precisava apenas de um empate, perdeu em Setúbal e disse também adeus à competição, que tal como os 'dragões' nunca venceu. Ainda não é desta.

O jogo:

Os momentos finais da partida, desde o lance que originou a grande penalidade até ao golo em cima do desfecho final e à invasão do campo pelo banco do Sporting, acabaram por se tornar os grandes motivos de discussão da noite. No entanto, até esses quentes minutos finais houve todo um jogo disputado: uma primeira parte com sinal mais para o V. Setúbal e uma segunda em que a falta de eficácia acabou por deitar tudo a perder para o Sporting.

O primeiro tempo mostrou um Vitória com vontade de 'bater o pé' à equipa favorita logo no arranque. Beto foi obrigado a uma grande defesa aos dois minutos e os sadinos chegaram mesmo ao golo com 19 minutos no cronómetro. Na sequência de um canto foi Frederico Venâncio quem encostou sem problemas depois de um inicial remate ao poste. O golo deixava desde logo o Sporting próximo da eliminação e, face ao que se ia vendo em campo, nem surpreendia assim tanto. É que este Sporting de demasiadas poupanças - sem Adrien, Gelson, Bas Dost... - tardava em impor-se no Bonfim e, inocentemente, ia deixando o V. Setúbal subir no terreno.

Ainda antes do intervalo, a equipa de José Couceiro teve uma grande oportunidade para aumentar para os 2-0, mas dessa vez valeu à equipa de Jesus o desacerto de João Amaral na sequência de um cruzamento de Nuno Santos, este último sempre um elemento de destaque nas transições ofensivas dos sadinos.

O apito para o final da primeira parte chegou e o tema de conversa passou a ser o critério de desempate. Mantendo-se a vantagem mínima para os sadinos, as equipas terminariam a fase de grupos da Taça da Liga igualadas em pontos e diferença de golos, pelo que o critério passaria a ser a média de idades dos jogadores utilizados na prova. E aqui o Vitória levava vantagem. Terá isso sido tema de conversa nos balneários? No do Sporting, quase certamente, até porque Jesus decidiu lançar a "artilharia pesada" - Gelson e Bas Dost - para o segundo tempo, abdicando de Markovic e Bryan Ruiz, ambos com rendimento baixo.

Com um maior número de favoritos dos adeptos no relvado, o Sporting demonstrou uma versão ligeiramente melhor de si próprio no segundo tempo do que no primeiro, embora também sem motivos para euforias. Aos 79' chegou o muito necessário golo do empate, com Elias a finalizar perante Bruno Varela após um toque de Bas Dost. Suspiravam de alívio os adeptos do Sporting, que não poderiam prever o terramoto que foram os minutos finais da partida.

Pouco antes da entrada nos 'descontos', os 'leões' podiam e deviam ter acabado com as dúvidas, face às duas ocasiões soberanas de que dispôs André, mas o avançado desperdiçou por completo as oportunidades. E o momento mais polémico da noite surgiu de seguida. Já nos momentos finais dos 'descontos', Edinho caiu na grande área durante uma disputa com Douglas e Rui Oliveira optou por assinalar grande penalidade. Uma decisão arriscada e muito contestada.

Edinho bateu a grande penalidade, bateu Beto e lançou o V. Setúbal para o Algarve. Enquanto os sadinos festejavam, porém, os sportinguistas, com Jorge Jesus à cabeça, demonstravam ao árbitro Rui Oliveira todo o seu desagrado, com cenas que andaram próximas da violência física e que obrigaram o juiz a ser escoltado para fora do estádio.

O momento do jogo:

O penálti de Edinho. Quando tudo parecia indicar que seria o Sporting a seguir em frente na prova, Edinho caiu na grande área do Sporting na sequência da pressão defensiva de Douglas e o árbitro decidiu assinalar uma grande penalidade que mereceu contestação e que acabou por decidir o desfecho do encontro e a saída do Sporting da prova.

Os melhores:

Edinho: Pelo golo que marcou no último lance da partida, o avançado acabou por ser a peça-chave do encontro e garantiu papel de destaque nas primeiras páginas dos jornais desportivos. Um golo marcante para um jogador que, aos 34 anos, tem já um muito considerável historial no futebol.

Costinha: O médio mostrou a todos porque é aposta constante de José Couceiro, assumindo o seu papel no 'miolo' com mestria e travando com frequência as tentativas ofensivas do Sporting. Um elemento de grande qualidade e decisivo para o equilíbrio da equipa sadina.

Os piores:

Lazar Markovic: Mais uma oportunidade desperdiçada pelo sérvio, que continua a não demonstrar o porquê de tanta esperança nele depositada. Bruno de Carvalho garante que o jogador "vai explodir", mas pelo que se vai vendo é difícil acreditar. Ainda vítima do longo período de problemas físicos e escassa utilização após a saída do Benfica, Markovic apresenta-se esta época com pouca velocidade e a acrescentar muito pouco à equipa no que toca à criação ofensiva.

Elias: É verdade que marcou o golo que permitiu ao Sporting acreditar que iria ao Algarve disputar a 'final four' mas, tirando esse momento, não conseguiu substituir de forma satisfatória o 'capitão' Adrien Silva, que fez demasiada falta no meio-campo leonino.

As reações:

Couceiro: "Penálti? Há um toque na perna do Edinho"
Edinho: "Senti o contacto nas costas"
Adrien e a arbitragem: "A equipa está revoltada"
Jesus critica arbitragem: "Saímos da competição devido a terceiros"

Curiosidades:

- Jorge Jesus chegou às nove derrotas em 2016/17. É o pior registo do técnico desde 2010/11.
- José Couceiro venceu pela primeira vez o Sporting, à 10ª tentativa.
- O V. Setúbal não vencia o Sporting desde novembro de 2012.
- Os sadinos chegaram às oito vitórias consecutivas em jogos da Taça da Liga disputados no Bonfim.