Em dia de fecho do mercado de transferências na China, Kostas Mitroglou, alvo da cobiça do Tianjin Quanjian, provou, uma vez mais, que é em Lisboa (e no Benfica) que se sente bem. E esta terça-feira, o grego voltou a mostrar uma enorme fome de golos, seja em posição regular ou em fora de jogo (como no caso do 2-1). Frente ao Estoril, foram mais dois. No total, são já 24 em 32 jogos. Perdeu o Tianjin, ganhou o Benfica.
Os 'encarnados' estão agora um bocadinho mais perto do Jamor depois do 'bis' do avançado, a camuflar uma exibição morna da equipa de Rui Vitória. Kléber, na conversão de uma grande penalidade, fez o 1-1 que ainda deixou o Estoril a sonhar com a reviravolta. Até aparecer Mitrogolo, perdão, Mitroglou.
O jogo:
Com várias alterações no onze - Júlio César, Jardel, Filipe Augusto e Carrillo renderam, respetivamente, Ederson, Luisão, Pizzi e Salvio - e sem Jonas na frente de ataque - uma recaída na lesão na cervical adiou o jogo 100 de águia ao peito - o Benfica voltou a sentir dificuldades em 'furar' a muralha estorilista, tal como havia acontecido no jogo para o campeonato. Os primeiros minutos foram intensos e com lances perigosos de parte a parte: Rafa obrigou Luís Ribeiro a intervir; do outro lado, Júlio César ia comprometendo ao falhar no controlo de bola, mas Matheus índio não soube aproveitar.
Mitroglou, bastante marcado pelos centrais dos 'canarinhos', tardava em fazer o que melhor sabe. A equipa de Pedro Gómez Carmona estava bem organizada, apostando tudo nas transições rápidas, ainda que sem grande sucesso. Neste campo, destaque para o duelo entre Eliseu e Licá no corredor direito do ataque estorilista, com o lateral do Benfica a ter de dar corda aos sapatos para travar as investidas do extremo.
O jejum do avançado grego revelou-se apenas uma questão de tempo, como se pôde verificar ao minuto 36: Eliseu recuperou a bola, Zivkovic cruzou para a área e Mitroglou desviou para o 1-0. Estávamos no sexto jogo consecutivo do avançado grego a marcar, naquela que já é a melhor série do jogador desde que chegou ao Benfica.
Apesar do choque inicial, a equipa da casa não baixou os braços e acabou por ver o defesa esquerdo dos 'encarnados' fazer, literalmente, o mesmo. Grande penalidade assinalada a favor do Estoril, a castigar mão na bola de Eliseu. Na conversão, Kléber não hesitou e bateu Júlio César, restabelecendo a igualdade no marcador. Na sequência deste lance, Filipe Augusto acabou por se lesionar e teve de ser substituído por um Pizzi em clara acumulação de desgaste, e que por isso mesmo não constava dos planos de Rui Vitória para este encontro. Mas o futebol é assim mesmo.
O golo anulado aos 'encarnados' já no final da primeira parte - o árbitro considerou que Mitroglou, em posição irregular, teve interferência no cruzamento de Carrillo - deixava antever um segundo tempo efervescente. Não foi o caso. O empate resistiu durante grande parte do encontro, com poucas oportunidades por parte das duas equipas para alterar o marcador. Rui Vitória lançou Franco Cervi e Raúl Jiménez para o lugar de Rafa (desinspirado) e de Carrillo (apagado), mas foi Zivkovic quem imprimiu mais velocidade ás águias, apesar de os cruzamentos não lhe terem saído propriamente bem.
O Estoril, mais amorfo em relação à primeira parte, ia conseguindo travar o ímpeto do adversário, dando a entender que o 1-1 dificilmente se alteraria. Não contava era que Mitroglou se chegasse à frente, nomeadamente em relação à linha da bola. Toque de calcanhar de Eliseu para Cervi, que entregou ao grego, uma vez mais adiantado. Só que desta vez Jorge Ferreira nada disse, perante os protestos da equipa 'canarinha', e o Benfica parte assim para o encontro da segunda mão (a 5 de março) com uma vantagem de dois golos fora de casa. O Jamor já esteve mais longe...
O momento:
Mitroglou faz o 2-1: Tudo apontava para o empate na Amoreira, menos para o avançado grego, que não esteve com meias medidas e apontou o 2-1 ao cair do pano, deixando o Benfica com um pé no Jamor. Os 'encarnados' não podiam pedir melhor prenda no dia do 113.º aniversário.
A polémica:
Salta mais à vista o golo irregular de Mitroglou aos 88 minutos, até porque teve influência direta no resultado final. De resto, a grande penalidade de Eliseu não deixou margem para dúvidas, assim como o golo bem invalidado ao grego no final da primeira parte. Jogo difícil para a equipa de arbitragem.
Os melhores:
Mitroglou: Nove golos nos últimos seis jogos, nove para a Taça de Portugal, que o destacam ainda mais como o melhor marcador da prova. É cruel dizer que Mitroglou faz esquecer Jonas, porque não faz, mas as 'águias', na ausência do seu goleador máximo, podem certamente contar com a pontaria afinada do grego para os desafios futuros.
Primeira parte: Intensa, com boas oportunidades de parte a parte, e, claro, com golos, a festa da Taça fazia sentir-se no relvado e nas bancadas do Estádio António Coimbra da Mota. Pena que o mesmo não tenha acontecido depois do intervalo.
Diogo Amado: Fez uma boa dupla com Eduardo no meio-campo, controlando as investidas dos 'encarnados' e impulsionando as jogadas de ataque da sua equipa. Destaque ainda para Luís Ribeiro, que ainda esboçou algumas boas defesas, que permitiram evitar outros golos da equipa adversária.
Os piores:
Júlio César e Rafa: O guarda-redes brasileiro mostrou-se intranquilo ao longo da partida - chegou mesmo a comprometer numa jogada com Matheus Índio, ainda antes do 1-0. Assim como o extremo, claramente desinspirado, a não acertar com os cruzamentos. Acabou por ser substituído por Franco Cervi.
Jonas na bancada e lesão (mais uma) de Filipe Augusto: Existe alguém no plantel do Benfica que ainda não se tenha lesionado? As más notícias para Rui Vitória começaram ainda antes do jogo, com Jonas a ficar na bancada na sequência de uma recaída da lesão sofrida na cervical. No final da primeira parte, foi a vez de Filipe Augusto sair queixoso para dar lugar a Pizzi.
As reações:
Rui Vitória: "Se o árbitro marcasse fora de jogo não me chocava"
Carmona: "Futebol sem vídeo-árbitro? Quem não gosta que jogue ténis"
Nélson Semedo: "Em casa é muito difícil ganharem-nos"
Matheus Oliveira: "Jogo foi decidido pelo assistente"
Curiosidades:
- Nélson Semedo passou a ser o jogador do Benfica mais vezes titular esta época (37 jogos), ultrapassando Pizzi
- Desde a época 2011/2012 que um jogador do Benfica não marcava em seis jogos consecutivos. O último jogador a fazê-lo foi Óscar Cardozo
- Desde que as meias-finais são disputadas a duas mãos (2008/2009), cinco equipas perderam em casa na primeira mão. Só uma, o FCP (2010/2011), se qualificou
- Foi a sexta grande penalidade apontada contra o Benfica na presente temporada, a segunda na Taça de Portugal (Real e Estoril). As restantes quatro aconteceram na Liga dos Campeões
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