Gastão Elias despediu-se do Rio2016 em “20, 30 segundos”, mas leva para casa a alegria de ter sido o primeiro tenista português a ganhar um encontro de singulares em Jogos Olímpicos.
“Numa situação ou outra acabei por precipitar-me em alguns pontos no meu serviço. Em 20, 30 segundos acabou”, assumiu o número dois nacional, depois de perder por 6-3 e 6-4 com o norte-americano Steve Johnson na segunda ronda.
Elias expressou bem a sua frustração em ‘court’, gritando, em determinado momento, que o adversário parecia Deus. “Houve ali um momento em que eu, realmente, não via buraco por onde jogar. A nível de serviço, ele esteve, para mim, muito perto da perfeição. Errou muito poucos primeiros serviços, não me deu uma única oportunidade de quebra. O máximo que eu cheguei foi aos 30 no jogo dele. Com isso, sinto muita pressão nos meus jogos de serviço, porque sei que ao mínimo erro que faça vai ser difícil recuperar”, confessou.
O 60.º tenista mundial indicou que, com jogadores assim, tem de se manter o foco durante o jogo inteiro, não se pode ter nenhum lapso de concentração. “Infelizmente, foi isso que aconteceu hoje. Tive um jogo ali no primeiro ‘set, em que estive a ganhar 40-15 e perdi o jogo com dois ou três erros não forçados. E no segundo set, a mesma coisa. É uma coisa que não pode acontecer a este nível”, reconheceu, lembrando que o mais perto que esteve de quebrar o serviço do adversário foi quando o norte-americano saiu de um 15-30 com dois ases.
O jovem da Lourinhã sublinhou que no ténis não há táticas do tipo “joga ali que ele vai falhar”. “Isso é nos sub-12, sub-14, mas a este nível não acontece. Nós tentamos jogar para o ponto menos forte dos adversários, que pode na mesma ser um ponto bastante forte”, completou.
Questionado sobre se jogar um torneio olímpico é diferente de disputar um torneio no circuito, Elias respondeu afirmativamente. “É um torneio que se joga pelo país. Não se joga pelos pontos, nem pelo ‘prize money’. Basicamente, este torneio é um torneio que se joga, pura e simplesmente, por amor à camisola e às cores do país. É diferente, também pelo apoio de portugueses de outras modalidades – da família olímpica”, explicou.
O segundo melhor tenista nacional da atualidade despede-se assim com um saldo “bastante positivo” e com uma experiência única, que espera repetir. “Levo a primeira vitória de um português nos Jogos Olímpicos no ténis – o João também a tem, mas eu ganhei primeiro [ri-se]. Conheci aqui muita gente de outras modalidades, que noutra altura não seria possível. É uma experiencia que vai ficar para a vida”, resumiu.
No futuro próximo, o ‘Mágico’ tem como objetivo jogar torneios cada vez maiores, mas não está obcecado com a subida na hierarquia ATP. “Nunca pensei em ‘ranking’, não é agora que vou pensar”, concluiu.
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