Grécia e China tiveram prejuízo com as infraestruturas construídas para os Jogos Olímpicos de 2004 e 2008, ao contrário dos Jogos em Barcelona (1992), cuja organização serve de exemplo para Londres2012.
Os Jogos Olímpicos de Atenas deixaram pela cidade vários «elefantes brancos», instalações de custo elevado que, após a utilização inicial, tornaram-se obsoletas e foram deixadas ao abandono, situação que em Pequim parece menos problemática, mesmo que as infraestruturas construídas permaneçam igualmente vazias.
Estimado em 457 milhões de dólares (cerca de 366 milhões de euros), o Estádio Olímpico de Pequim tem sido pouco utilizado desde a cerimónia de encerramento dos Jogos de 2008, no final de agosto desse ano.
O célebre "Ninho de Pássaros", onde o jamaicano Usain Bolt bateu três recordes mundiais, chegou a albergar um clube local de futebol, que desistiu de ocupar o espaço por ter, em média, uma assistência de 10 mil pessoas, quando o estádio tem uma lotação de 80 mil lugares.
Apesar de não ser aproveitado para provas desportivas, é visitado por milhares de turistas chineses e estrangeiros, que pagam 50 yuans (cerca de seis euros) para conhecer a parte interna do estádio.
Além disso, o estádio tem programado alguns eventos, como o jogo de preparação Arsenal-Manchester City, no dia 27 de julho, e o campeonato do mundo de atletismo de 2015.
A Piscina Olímpica de Pequim também não tem eventos suficientes para manter o local em atividade, funcionando apenas como ponto de atracão para os turistas.
As instalações de Atenas não servem menos do que as de Pequim, mas o impacto económico das despesas com os Jogos foi mais visível na Grécia.
«O efeito dos Jogos Olímpicos no PIB grego é marginal, mesmo para um país como a Grécia, apesar de ser aceite que foram os Jogos que cavaram a dívida grega», disse à France Press Jean-Louis Chappelet, professor de administração pública da Universidade de Lausanne (Suiça).
Chapelet acrescentou ainda que o problema da Grécia «não reside somente dos "elefantes brancos", mas também do sistema de segurança exigido pelos Estados Unidos, que custou mais de um milhão de euros».
Pelo contrário, os Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992, continuam a ser a referência em matéria de sucesso olímpico, apesar dos enormes investimentos para a época.
O sistema de transportes também beneficiou a cidade, com um anel periférico, na parte subterrânea, que ligava as principais instalações olímpicas, além de uma importante reconstrução do transporte ferroviário e do aeroporto.
No total, 9.844 milhões de euros foram investidos em Barcelona, incluindo 5.985 milhões em infraestruturas e equipamentos, uma fatura astronómica para a época, saldada apenas em 2007, segundo fonte municipal da cidade.
«Vinte anos depois, as instalações olímpicas ainda estão em pleno funcionamento, com mais de 150 eventos por ano», assegurou Ignasi Armegon, diretor dos Serviços Municipais de Barcelona, empresa pública responsável pela gestão das instalações.
O Estádio Olímpico de Montjuic (55 mil lugares) e o Palau Sant Jordi (20 mil lugares), concentram atividades artísticas e desportivas desde 1992, podendo gerar «500 milhões de euros por ano» segundo Ignasi Armengol, contando com as receitas indiretas do turismo para a cidade e para aos seus comerciantes.
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