Ser o melhor português de sempre nos trampolins provocou “uma sensação incrível” em Gabriel Albuquerque, que saiu “meio satisfeito” da sua estreia em Jogos Olímpicos por confiar que está ao nível dos medalhados em Paris2024.
“É uma sensação incrível, apesar de eu saber que sou ainda melhor que isto. Mas é bom saber que já agarro um recorde ao sair da minha primeira prova olímpica, por isso é incrível”, resumiu.
Aos 18 anos, o mais jovem dos 73 da Missão portuguesa a Paris2024 tornou-se hoje o melhor luso de sempre nos trampolins, ao ser quinto na final disputada na Arena Bercy, superando o sexto lugar de Nuno Merino em Atenas2004 – o seu antecessor foi das primeiras pessoas a quem abraçou, atirando-lhe um “já foste”.
“Soube a pouco. Eu sou uma pessoa muito ambiciosa e gosto de sonhar, por isso, sabe-me a pouco, mas sinto-me meio satisfeito”, assumiu, depois de ter somado 59.740 pontos na final.
Albuquerque confessou que era “suposto fazer uma série mais complicada” na final, mas sentiu-se “à rasca no quarto salto”. “Aí é que era para fazer uma coisa mais difícil e ir atrás de uma medalha, mas não consegui. Tive de agarrar-me à série mais simples para acabar a série, porque senão não ia dar”, explicou, tendo alterado a rotina “naqueles milésimos de segundo” em que estava no ar.
Por isso, e apesar de ter feito história para o país, o ginasta garante que esta “estreia de sonho não é”.
“Eu posso parecer convencido, mas não estou a ser mesmo de todo. Eu sei das minhas capacidades e sei que estou ao nível daqueles gajos. Eles, neste momento, foram melhores do que eu e é tudo, foi isso”, defendeu.
O bielorrusso Ivan Litvinovich (63.090), a competir sob bandeira neutra, revalidou o título olímpico, sendo seguido pelos chineses Wang Zisai (61.890) e Yan Langyu (60.950), prata e bronze, respetivamente.
“Eu já sabia que o Ivan era capaz de fazer aquela nota, ele está muito consistente nestas notas altas. Por agora, se calhar não conseguia superar a nota dele, mas daqui a uns aninhos um gajo vai continuando a trabalhar, daqui a quatro, ou daqui a oito, tanto faz. Um gajo vai continuando a trabalhar e ninguém sabe o que é que vai acontecer nos próximos”, notou.
O jovem Albuquerque admitiu aos jornalistas, na zona mista da Arena Bercy, que foi “difícil lidar com essas emoções todas à flor da pele”, após ter sido sempre o último a saltar.
“Às vezes, um gajo deixa-se levar e é difícil fazer a série bem executada. Não foi o caso, eu acho que, neste momento, consegui lidar muito bem com as minhas emoções, mas pronto, estes três merecem [as medalhas]”, pontuou.
O ginasta português assumiu ainda que foi “bastante difícil” esperar tanto tempo, mas revelou que se preparou nos treinos para isso.
“Já estou meio que habituado a fazer esse tempo de espera. Durante a minha preparação para estes Olímpicos, eu no treino em si fazia uma passagem e depois esperava ali um tempo certo para depois voltar a saltar, porque faz toda a diferença uma pessoa estar quente, fazer duas passagens de seguida ou fazer uma e 15 minutos depois fazer outra”, explicou.
O ginasta da Associação de Pais e Amigos da Ginástica de Loulé (APAGL) disse ainda que foi “mais especial” partilhar este feito com o treinador João Monteiro, que o acompanhou desde os “quatro, cinco anos”.
“Simplesmente é especial estar com ele ao lado nos Jogos Olímpicos, que é a prova master dos trampolins e não podia escolher outra pessoa melhor para esta tarefa”, completou.
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