O candidato espanhol Juan Antonio Samaranch Jr declarou à AFP que tem a experiência necessária para presidir o Comité Olímpico Internacional (COI) e lidar com chefes de Estado neste "mundo complexo".

Em entrevista à AFP em Paris, o filho do falecido ex-presidente do COI relatou o seu entusiasmo na reta final de uma campanha que termina a 20 de março com a votação, na Grécia, para o sucessor de Thomas Bach, que sairá de uma lista de sete candidatos.

O seu pai, Juan Antonio Samaranch, presidente do COI de 1980 a 2001, marcou uma era no Olimpismo e transformou a organização numa máquina comercial, mas o mundo atual traz novos desafios.

"O mundo de hoje é mais complexo do que nunca. Acho que o paradigma em que vivemos há 50 anos, baseado na paz e na ordem, está realmente sendo questionado. Nestas condições, a chave, na minha opinião, é a experiência. Acumulei muita experiência ao longo de muitos anos, no mundo dos negócios e lidando com questões olímpicas e não olímpicas com chefes de Estado", afirmou.

Samaranch Jr. foi eleito pela primeira vez para o COI no ano em que o seu pai deixou a presidência. Em 2016, foi eleito vice-presidente pela primeira vez e pela segunda vez em 2022, enquanto atuava em outras funções de alto escalão.

Proteger os valores olímpicos

"A mudança que precisamos deve ser baseada na experiência e não em experimentações. Participei em negociações sobre como lidar com o escândalo de doping russo [nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014] em Sochi. Coordenei parcialmente a organização dos Jogos de Inverno de Pequim-2022 na época da COVID-19. Fui o primeiro presidente do canal (de transmissão) olímpico. Tenho a melhor experiência para fazer a máquina funcionar e para fazê-lo desde o primeiro dia", lembrou o dirigente espanhol.

Perante da situação geopolítica mundial, em plena redefinição desde o regresso de Donald Trump à Casa Branca, Samaranch Jr admite que "os discursos, não só nos Estados Unidos, mas em todo o mundo, mudaram completamente", o que, segundo ele, exige que os valores sejam "mais necessários do que nunca".

"Somos um dos poucos faróis que difundem a ideia de universalidade, fraternidade e celebração das diferenças".

Ao ser questionado sobre o papel do COI num mundo com grandes conflitos, como os da Ucrânia ou de Gaza, o candidato declarou que é necessário manter uma neutralidade.

"Temos que nos manter apolíticos. E isso é muito difícil", afirmou.

Os Jogos Olímpicos de Los Angeles-2028 serão um importante evento em que precisarão trabalhar em conjunto com Trump, que se mostrou contra os atletas transgêneros e, num debate sobre o assunto, Samaranch Jr ressaltou a importância de "proteger as mulheres e tornar o desporto justo".

"O mundo espera do COI uma liderança nesta questão e que uma posição muito clara seja adotada. Precisamos criar um comité científico que, imediatamente após a posse do novo presidente, decidirá sobre as regras a serem seguidas", defendeu.