A judoca Telma Monteiro admitiu hoje que a derrota prematura em Londres2012 foi «pesada e triste», mas garantiu que vai continuar a «perseguir o sonho» de «sentir o que sente um atleta quando ganha uma medalha olímpica».
«Eu adoro desafios, e isto é um desafio, eu vou lutar até ao fim por esse sonho, por realizar o meu sonho. Não se trata de agradar a ninguém, trata-se de algo pessoal: eu quero sentir o que um atleta sente quando ganha uma medalha olímpica», afirmou Telma Monteiro, em entrevista à agência Lusa.
A judoca sublinhou que vai «ganhar muitos mais títulos para Portugal», tanto Europeus, como Mundiais, mas o que «sem dúvida» mais a motiva, e buscará «até ao fim da carreira», é o de subir a um pódio olímpico, não podendo desde já garantir «se estará nas mesmas condições» para o conseguir nos Jogos do Rio de Janeiro2016.
A campeã da Europa em título, terceira no "ranking" mundial e segunda cabeça de série na sua categoria nos Jogos de Londres2012, Telma Monteiro perdeu com a norte-americana Marti Malloy, por yuko, na primeira eliminatória da categoria de -57 kg, causando a primeira grande desilusão entre a comitiva portuguesa.
«Sem dúvida que é uma derrota pesada e triste para mim. É algo pessoal, não tem nada a ver com o que outros esperavam de mim, é um sonho pessoal que tenho. Tenho 26 anos, não estou no fim da minha carreira e tenho uma força incrível. Apesar de me sentir triste, sinto-me motivada para o futuro», reiterou a atleta portuguesa, considerada a melhor judoca portuguesa de todos os tempos.
Telma considera que a derrota «não reflete em nada a atleta» que é, as suas capacidades e os títulos que alcançou, mas lembra: «Sempre disse que os títulos que tenho não iriam decidir-se no dia dos Jogos Olímpicos».
Ao longo da carreira, Telma Monteiro já conseguiu quatro títulos europeus, duas em cada categoria (-52 e -57 kg), tendo já conquistado duas medalhas de prata em campeonatos do Mundo, além de 12 medalhas de ouro em Taças do Mundo, Taças da Europa, grandes prémios e provas "Grand Slam".
Não acredita também que o público português a vá julgar apenas pelos resultados nos Jogos Olímpicos, até porque já está «há muitos anos no topo», desde 2005, quando conquistou a primeira medalha num Mundial de seniores, «e isso é estranhamente difícil».
Aliás, as mensagens de apoio que recebeu desde a derrota superaram em muito as «menos positivas»: «De um modo geral tenho recebido muitas manifestações de carinho e força para continuar». «Talvez o desafio mais difícil é saber perder e ultrapassar uma derrota como esta, mas sei que o vou conseguir. Estou cá para o vencer», desabafou.
Por parte da Chefia de Missão, Telma diz ter sido um forte apoio e destacou o «espírito de união» entre os atletas e dirigentes durante os Jogos. «Todos os atletas saem daqui com uma experiência fantástica, fomos acarinhados do princípio até ao fim, com medalha, sem medalha. Houve um espírito de grupo muito grande. Apesar do meu resultado, foi a minha melhor experiência olímpica. Há muita coisa positiva que levo daqui. Em termos de ambiente vai ser difícil superar Londres», referiu a atleta, que fez a sua terceira participação na competição.
Em relação aos resultados dos portugueses em Londres2012, Telma Monteiro faz um “balanço positivo”, pelos diplomas alcançados, pela prata na canoagem, uma modalidade que mostrou está a «ganhar um grande destaque», frisando ser um erro analisar a participação apenas pela conquista ou não de medalhas.
«Se virem de um modo geral, temos mais diplomas do que em Pequim, há mais finalistas do que há quatro anos e temos uma medalha de prata. Sabíamos que podíamos trazer uma, duas, numa situação muito boa, três medalhas, mas também temos de ter os pés assentes na terra», disse.
A grande “lição” que agora guardará de Londres2012 será a de que perdeu porque «alguém conseguiu ser melhor» do que ela, que a adversária «foi melhor» e garantir que «no futuro isto não volta a acontecer».
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