Cabo Verde poderá vir a ter dois campeonatos nacionais de andebol. A hipótese foi avançada por Filomena Fortes, Presidente da Federação Cabo-verdiana de Andebol, em entrevista exclusiva ao SAPO Desporto.
Esta possibilidade prende-se com o facto de alguns clubes terem desistido de participar nos campeonatos nacionais, devido a dificuldades financeiras. Nesse caso, haveria um campeonato para os que podem custear a sua participação e outro para as equipas com menor potencial financeiro.
O sorteio para a realização dos campeonatos nacionais de andebol masculino e feminino foi feito há muito tempo, numa decisão tomada pelas associações, em assembleia geral. Segundo a federação, na altura, todos comprometeram-se a realizar os respetivos campeonatos regionais para se apurar os campeões que iriam decidir os títulos nacionais. A verdade é que algumas ilhas nem realizaram campeonatos e outros desistiram, como o Maio, que anunciou a sua desistência na véspera do início da prova.
Por tudo isto, Filomena Fortes adianta que nos próximos anos o sorteio assim como o formato dos campeonatos só serão decididos depois de se apurar os campeões regionais, para se saber quem estará na fase final. Até porque, adianta, a federação já tinha assumido alguns compromissos junto de outras entidades:
«Já tínhamos reservado junto dos TACV alguns lugares nos voos domésticos para transportar as comitivas de cada ilha, já tínhamos comprado as passagens de avião, tivemos de cancelar tudo».
A polémica em volta do campeonato está no facto de esta época a federação não assumir todas as despesas da prova, como vinha sendo hábito. «Houve um corte orçamental, onde pedimos oito mil contos (72647 euros) ao Governo que só nos deu quatro. Ou seja, só recebemos metade da verba que era preciso para organizar as provas todas. Negociamos com as associações e ficou definido que os clubes assumiriam os custos da alimentação, enquanto a Federação ficaria com as despesas das deslocações e alojamento. Todos concordaram na altura».
Para contornar de certa forma os cortes orçamentais, optou-se por fazer uma primeira fase com três poules para se apurar os campeões: São Vicente, Sal e Santiago. No sorteio, feito há muito tempo, ficou definido que havia poules com três equipas e outras com quatro, mas devido a desistências, alguns poules só tiveram duas formações em competição.
Filomena Fortes não gostou da atitude de alguns clubes e associações, a quem pede mais trabalho em prol do andebol cabo-verdiano: «As equipas têm de custear mais a realização das provas, têm de ir atrás de patrocínios. Sei que as realidades no Sal, São Vicente e Santiago são diferentes das outras ilhas mas as associações têm de trabalhar mais, haver mais jogos nos regionais e não fazer campeonatos em uma ou duas semanas. Santiago é um exemplo nesta matéria, com o campeonato que decorre durante vários meses», disse a Presidente da Federação Cabo-verdiana de Andebol.
Um outro dado que está a ser questionado no modelo do campeonato é o facto de na poule do Sal, estarem duas equipas salenses, o campeão regional e o campeão nacional. Algo que, diz Filomena Fortes, é alheio a federação.
«Foram as associações em assembleia-geral que decidiram por este modelo de campeonato, por estes grupos. Se fosse a federação a decidir, as duas equipas do Sal não estariam no mesmo poule porque não faz sentido».
A segunda fase dos campeonatos nacionais de andebol, em masculinos e femininos, estão marcados para este fim-de-semana, na cidade da Praia. O título feminino será disputado por Amarante de S. Vicente, ABC de Santiago e Académica do Sal. Em masculinos, Batuque de S. Vicente, ABC da Praia, Académica do Sal e ODERF são as equipas que lutarão pelo título
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