O selecionador português de andebol espera que o torneio pré-olímpico seja a "luta das lutas" para os lusos, enquanto alimenta o sonho que vai além da qualificação para Paris2024: um "aeroporto entupido" na viagem de regresso.

De novo a disputar o apuramento olímpico, que arranca na quinta-feira, após a inédita participação em Tóquio2020, o técnico enalteceu a qualidade da atual geração de andebolistas e as prestações nas últimas grandes competições internacionais, o Mundial de 2023 e o recente Europeu de 2024, disputado em janeiro deste ano, na Alemanha.

"É a luta das lutas. Acho que pouca gente tem consciência do que é para Portugal estar em dois torneios olímpicos consecutivos, algo que nunca aconteceu em desportos coletivos. São dois ciclos em que foi preciso, primeiro, fazer um excelente Mundial e, agora, outro grande Europeu, algo que é bem mais difícil. É preciso ter essa noção de valorizar o andebol e, sobretudo, o que esta equipa tem feito", constatou Paulo Jorge Pereira, após um dos treinos preparatórios em Matosinhos, ainda antes da deslocação da comitiva para a Hungria.

Qualificados para o pré-olímpico graças ao sétimo lugar obtido no Euro2024, os 'heróis do mar' irão defrontar Noruega (quinta-feira), Tunísia (sábado) e a anfitriã Hungria (domingo) no Grupo 3, em Tatabánya, cidade que se situa a cerca de 50 quilómetros de Budapeste, sendo que os dois primeiros classificados garantem o apuramento para Paris2024.

Ciente de que poderá encontrar um ambiente adverso na Hungria, Paulo Pereira sublinhou também a importância de não facilitar diante da Noruega no jogo de estreia, ainda que a formação portuguesa tenha batido a nórdica por 37-32, no Europeu da Alemanha, em janeiro.

"É uma questão de nos adaptarmos a um contexto que nos obriga a lutar contra o preestabelecido, mas assumimos que queremos ganhar e isso já é ótimo. Vamos ter uma sequência de jogos difícil, começando já com a Noruega. Não nos podemos esquecer que, nos últimos quatro jogos com a Noruega, só ganhámos um. Pensar que temos o jogo ganho porque ganhámos o último pode ser um erro", alertou.

Manifestou também o sonho, em forma de apelo, de ver os adeptos acorrerem em grande escala ao aeroporto, para receberem a equipa no regresso a Portugal, e admitiu mesmo que esse é um desejo que o move.

"Oxalá eu possa viver aquele sonho que ainda não vivi em oito anos, de ter uma receção extraordinária no aeroporto. É entupir o aeroporto, isso é que adorava ver um dia. Visualizarmos aquilo que queremos que aconteça dá-nos também aquela força para levantar de manhã cedo. Ainda não tivemos nenhuma. Visualizo quase todos os dias", confessou.

Já o guarda-redes Diogo Rêma, que, com apenas 19 anos, foi um dos grandes destaques da prestação portuguesa no Euro2024, também abordou a dificuldade de jogar em terreno adversário, para além do contexto de três jogos em apenas quatro dias, mas apontou a "irreverência da juventude" como um possível fator diferenciador face aos demais adversários.

"É a mesma mentalidade que tivemos no Europeu, mas, se calhar, ainda com uma motivação extra, porque os Jogos Olímpicos são únicos para qualquer atleta de qualquer modalidade”, referiu.

O guardião do FC Porto assumiu que a seleção nacional vai “dar o melhor” no pré-olímpico, com o intuito de “dar alegrias a Portugal”.

“Só podemos dar o nosso melhor e concentrar-nos todos os dias. Todos os dias, agora, estamos concentrados em poder dar alegrias a Portugal e alcançarmos essa meta fantástica. [...] A irreverência da juventude, provavelmente, pode desequilibrar e a vontade que nós temos tem que ser maior que a dos outros. Se acontecer, podemos fazer coisas muito boas", vaticinou.

Os encontros do Grupo 3 do torneio pré-olímpico irão decorrer na Arena Tatabánya, o quarto maior recinto de andebol da Hungria, com capacidade para 6.000 lugares.