
Fernando Gomes garante estar preparado para defender os ideais do olimpismo, após ter entendido que poderia aportar ao desporto português “um valor acrescentado” pela sua experiência, ao mesmo tempo que continua a servir Portugal.
“Eu sempre fui um homem do desporto”: a primeira frase dita por Fernando Gomes funcionaria como um preâmbulo do porquê de se ter candidatado à presidência do Comité Olímpico de Portugal (COP).
O portuense escolheu o Pavilhão da Ajuda, em Lisboa, para a sua primeira entrevista como candidato, por ali ter jogado na década de 70, durante os 18 anos em que foi jogador de basquetebol, a maioria dos quais ao serviço do FC Porto, e discorreu sobre o seu percurso no desporto, recordando as etapas no dirigismo, primeiro nos ‘azuis e brancos’, e, mais recentemente, na Federação Portuguesa de Futebol (FPF).
“Quando terminei agora este período mais recente de 13 anos à frente da FPF, depois de estar tanto tempo a trabalhar […] - trabalhei 55 anos consecutivamente -, […] não me restaram dúvidas de que havia, eventualmente, dois caminhos possíveis. Ou, face a esse período intenso em que vivi, retirar-me, ir descansar de um período muito intenso de atividade profissional, ou, eventualmente, ganhar consciência de que ainda poderia dar ou contribuir mais”, explicou à agência Lusa.
Aos 73 anos, sentiu ainda ter capacidades “físicas e mentais para poder aportar ao desporto português um valor acrescentado” pela sua experiência, prolongando, por outro lado, a “honra enorme” de servir Portugal que experienciou enquanto presidente da FPF.
“A corporização desses dois desejos intensos [de] servir o desporto, honrar o desporto e, de alguma forma, servir e honrar Portugal, fizeram que, efetivamente, fosse sensível ao apelo que algumas federações desportivas me lançaram […] de assumir a candidatura ao COP”, completou.
O desafio de candidatar-se nem era novo, já que, em 2021, num almoço com José Manuel Constantino e outros quatro presidentes federativos, o antigo presidente do COP, que morreu em agosto, lhe lançou o repto de o substituir.
“Convidámos o professor Constantino para o desafiar e para, de alguma forma, o empurrar para o terceiro mandato. Não posso esquecer aquilo que ele, no fim desse almoço, referiu - e estou a dizer isto hoje porque estavam mais quatro pessoas na sala. Depois de o desafiarmos, disse […] ‘se calhar vou recandidatar-me ao COP, mas tens que me garantir uma coisa: quando eu acabar, em 2024, tu vais ser o próximo presidente’”, revelou à Lusa.
Embora, naquele momento, não tenha levado “muito a sério” a afirmação, Gomes não esconde que, dentro da “evolução natural de uma pessoa ligada ao desporto” que presidiu a uma federação desportiva, já tinha pensado “um dia poder servir o país servindo o COP e o desporto”.
O antigo presidente da FPF enalteceu o facto de o desafio para candidatar-se à sucessão de Artur Lopes, que preside ao organismo desde a morte de José Manuel Constantino, ter vindo “do próprio movimento associativo federativo”.
“Serem os próprios pares a tomarem essa decisão de me convidarem é porque, objetivamente, reconheciam em mim capacidades desportivas e de gestão para poder levar o COP a um patamar de excelência na continuidade daquilo que o professor Constantino fez durante os três mandatos, para o projetar mais alto dentro das suas missões e funções”, notou, admitindo ter ficado sensibilizado e agradado pelo reconhecimento das suas capacidades, mas também da sua forma de estar no relacionamento.
A partir dos contactos que tem tido com federações, olímpicas e não olímpicas, e com outras entidades que vão votar no sufrágio de 19 de março, Fernando Gomes admite estar confiante que vai ser eleito presidente do COP, mostrando-se preparado para ser uma voz ativa no desporto nacional.
“Se na defesa dos ideais do olimpismo, na defesa do COP tiver de falar diariamente, obviamente não deixarei de fazer”, garantiu.
No entanto, o mais reservado dirigente reconhece que “obviamente” terá um estilo diferente do homem que presidiu ao COP entre março de 2013 e 11 de agosto, data da sua morte.
“O professor Constantino era uma pessoa extraordinária do ponto de vista de pensamento, de pensador do desporto, com determinado tipo de valências. Eu, obviamente, não tenho minimamente a capacidade que ele tinha relativamente a essas vertentes, tenho, provavelmente, outras características e outras valências que o professor Constantino não tinha”, concedeu, ressalvando acreditar ter todas as condições para “elevar ainda mais o desporto em Portugal”.
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