Desacreditada por muitos no círculo desportivo nacional, entre adeptos da modalidade, analistas/comentadores e jornalistas a equipa principal de basquetebol do 1º de Agosto não olhou a meios, mas sim mediu consequências, e contra toda a expectativa conquistou, dois anos depois, a 38ª edição do campeonato nacional sénior masculino, elevando para 18, na sua galeria, o número de troféus desta prova.
Durante uma competição meio atípica, envolto a problemas de vária ordem, com realce para o "caso Yanick" e a propalada greve, e consequente suspensão, dos árbitros, o conjunto “militar” foi alternando a prestação entre boas, más e péssimas exibições nas diferentes fases, o que levou maior parte da crítica desportiva a antever uma péssima classificação para Ricard Casas e comandados.
Mas estes, no momento ideal, souberam dar resposta positiva a todos quanto se manifestavam céticos ao seu trabalho, capacidade de vencer, crença e força de vontade, aliada à experiência de jogadores a princípio vistos, nas lides da modalidade, como ultrapassados para as atuais exigências.
Kikas Gomes (35 anos), Armando Costa (33), Tarik Qirk Say (37) e até mesmo Felizardo Ambrósio (28) eram os nomes mais sonantes pela negativa, com os argumentos a penderem, entre outros aspetos, no excesso de peso, idade e baixa forma físico-atlética.
Depois de dominar a fase regular do campeonato com 18 vitórias em igual número de jogos, a equipa baqueou e em sentido decrescente ia "alimentando" os prognósticos de insucesso dos considerados entendidos na matéria.
No segundo turno da prova (fase de grupos), o 1º de Agosto ocupou o segundo lugar, atrás do Libolo, no terceiro (fase de qualificação) ficou na quarta e última posição de acesso às meias-finais (play-off) em igualdade pontual com o Atlético Sport Aviação (ASA), única formação a quem venceu entre as cinco presentes.
A falta de regularidade na prestação do d’Agosto custou-lhe a, então, pesada meia-final diante dos petrolíferos, primeiros da fase de qualificação e que vinham rotulados como principais candidatos ao título, devido a excelente subida de forma que foi demonstrando.
Para piorar a situação, o clube perdeu por lesão o poste John Pedro e o extremo Malik Cissé, promessas cujas exibições tem despertado os mais atentos observadores. Além disso, o facto de ser a única equipa cujo treinador estreava-se na competição também lhe podia ser desfavorável.
Daí em diante, agravava-se a “condenação” dos militares ao afastamento, numa leitura de sentença sem julgamento, feita no círculo basquetebolístico nacional, pois previa-se uma final entre o então detentor do troféu, Petro de Luanda, e o Recreativo do Libolo, em jeito de reedição a da época transata.
Desde cedo arriscou-se afirmar perentoriamente serem os rubro-negro menos capazes, mais lentos e pouco rejuvenescidos para o que se impunha ser a luta pelo título, dando uma ideia de menosprezo ao fator “antiguidade versos experiência”, que nas meias-finais e final dos play-off veio ao de cima muito por mérito dos “veteranos” Tarik, Kikas e Armando, sem desrespeito aos jovens Hermenegildo Santos, Islando Manuel, Edson Ndoniema, Francisco Sousa e outros.
A necessidade de resgatar o título perdido em 2014, por sinal para o adversário desta final (Libolo), e corresponder os objetivos da direção, que contratou em Julho último o técnico espanhol para o efeito, e atender os anseios da exigente massa associativa, ávida de vitória, era tanta que o grupo se compenetrou e quase transfigurou-se totalmente na reta final, superando os principais oponentes em dez dos 12 desafios possíveis no sistema de play-off.
A meia-final com o Petro foi mais competitiva, tendo sido encontrado o vencedor somente na quinta e última partida, após dois prolongamentos, por diferença de dois pontos (116-114), enquanto na final o d’Agosto não teve grandes problemas para arrumar os “libolenses” por 4-1, dispensando outros dois desafios. Na partida da consagração, esta terça-feira, venceu no pavilhão Victorino Cunha, por 93-83.
Em 38 campeonatos, iniciado em 1979, o 1º de Agosto, cujo primeiro título alcançou na terceira edição (1981), lidera o ranking nacional com 18 troféus, seguido pelo Petro com 12, ASA três, Libolo e Sporting de Luanda com dois cada e o Ferroviário de Luanda um (a 1ª edição).
Comentários