A NBA (National Basketball Association), criada originalmente a pensar no jogador norte-americano, está cada vez mais sob domínio dos jogadores estrangeiros.

Ironicamente, este crescimento de jogadores de outros países na liga dos Estados Unidos deve-se em grande parte ao enorme contributo de jogadores como Magic Johnson, Larry Bird, Michael Jordan, Lebron James ou Steph Curry no crescimento da liga, transformando-a num fenómeno global, que atrai milhões de espetadores um pouco por todo o mundo.

Para além de adeptos, o crescimento exponencial da NBA atraiu também jogadores de todos os pontos do planeta, especialmente na última década. Contudo, estes não vêm simplesmente para se sentarem no banco ou ajudarem os norte-americanos a brilhar.

Com efeito, olhando para as recentes estatísticas e prémios atribuídos, é claro que a legião estrangeira já tomou conta da NBA.

O MVP

Olhando para o prémio MVP (Most Valuable Player), atribuído ao melhor jogador da liga, há seis anos que não é entregue a um norte-americano. Entre 2019 e 2024 o galardão foi distribuído por jogadores como o grego Giannis Antetokounmpo (2019 e 2020), o sérvio Nikola Jokic (2021,2022 e 2024), e o camaronês Joel Embiid (2023).

James Harden, em 2018, foi o último norte-americano a ser distinguido com este prémio. O troféu de MVP existe há 69 anos. Olhando para o histórico de vencedores, verificamos apenas sete nomes de jogadores nascidos fora dos EUA: Hakeem Olajuwon (1994), Steve Nash (2005 e 2006), Dirk Nowitzki (2007), Giannis Antetokounmpo (2019 e 2020), Nikola Jokic (2021, 2022 e 2024) e Joel Embiid (2023).

Todavia, é importante reparar que, dos dez prémios entregues a jogadores estrangeiros, seis tiveram lugar nas últimas seis temporadas.

Para além dos vencedores, nas últimas três épocas, os três finalistas ao prémio MVP foram todos estrangeiros. No último ano, os três candidatos foram o sérvio Nikola Jokic, o canadiano Shai Gilgeous-Alexander e o esloveno Luka Doncic.

Em cinco anos, os únicos norte-americanos votados para a corrida ao prémio foram LeBron James, Stephen Curry e James Harden.

O 'Draft'

Outro exemplo paradigmático do crescimento dos jogadores estrangeiros na NBA é o 'draft', cerimónia de início de temporada onde os clubes procuram as mais brilhantes pérolas do basquetebol jovem do país...e não só.

Olhando para o histórico recente, vê-se um crescimento de jogadores estrangeiros eleitos como primeira escolha no 'draft', algo que aconteceu consecutivamente nos últimos dois anos.

Primeiras escolhas estrangeiras do 'draft'

1978 Michal Thompson (Bahamas)

1984 Hakeem Olajuwon (Nigéria)

1998 Michael Olowokandi (Nigéria)

2002 Yao Ming (China)

2005 Andrew Bogut (Austrália)

2006 Andrea Bargnani (Itália)

2011 Kyrie Irving (Austrália)

2013 Anthony Bennett (Canadá)

2014 Andrew Wiggins (Canadá)

2016 Ben Simmons (Austrália)

2018 DeAndre Ayton (Bahamas)

2023 Victor Wembanyama (França)

2024 Zacharie Risacher (França)

Jogadores inscritos

A preponderância dos jogadores estrangeiros na NBA é por demais evidente e tem seguido uma curva ascendente. Em 1992 apenas 5% dos jogadores não tinham nascido nos Estados Unidos, sete anos depois já eram 35 jogadores; em 2006 chegaram 18% do total, e em 2021 esse número subiu para 23%.

Na última temporada foi batido o recorde de jogadores internacionais inscritos na liga (125 jogadores), distribuídos por 40 países e seis continentes. Foi o terceiro ano consecutivo em que o número ultrapassou os 120, e o décimo ano seguido em que o valor passou a centena.

O Canadá é o país mais representado deste grupo, com 26 jogadores. O continente europeu trouxe consigo 64 jogadores, entre os quais 14 franceses, 7 sérvios, 6 alemães, 5 turcos e 4 croatas.